O título acima tenta mostrar, em ordem cronológica, as diferentes tecnologias de exibição de imagens empregadas nos meios eletrônicos de visualização, notadamente nos televisores. E aqui uma primeira diferenciação deve ser feita: existem também os monitores, definidos como aparelhos que se propõem a serem fiéis no quesito para os quais foram construídos: mostrar imagens.

Isso porque esse comportamento não ocorre com os televisores: feitos para o grande público apreciar seus programas e filmes prediletos, sua proposta é exibir a melhor imagem possível, mesmo que a qualidade do sinal recebido não seja das melhores. Antigamente, quando as transmissões eram exclusivamente analógicas, a questão era corrigir ou pelo menos tentar melhorar as diversas falhas na recepção desses sinais, como os conhecidos "fantasmas", juntamente com um pacote de outros processos de melhorias em contraste, cor, nitidez, etc...

No mundo digital o sinal recebido não possui meio termo: ou chega com total qualidade ou não é exibido. Mas, mesmo assim, o pacote mencionado acima está sempre presente nos televisores, buscando mudar e melhorar diversas características da imagem original, a maioria delas com possibilidade de alteração e interação, via menu, com o usuário. Cada vez mais refinado, devido ao progresso constante da tecnologia dos processadores, a diversidade desses ajustes é cada vez maior. Podemos lembrar do 'avô' dos televisores, onde os únicos 2 controles existentes para melhorar a imagem eram brilho e contraste... e, claro, sob a forma de botões giratórios, nada de controles remotos.

Na outra ponta temos os monitores: estes, devem ser o mais fiéis possíveis, como dissemos, na exibição dos sinais recebidos. Isso porque sua finalidade não é mostrar imagens bonitas e sim mostrar o que está, de fato, acontecendo com o sinal recebido. A imagem necessita ajustes? Estes serão feitos na câmera ou na fase de correção de cor / pós produção? Estamos falando dos monitores utilizados em videoprodução, que servem de guia para o diretor de fotografia configurar a câmera. Monitores também mostram imagens o mais fiéis possíveis em outros campos: nos aparelhos de radar, nos equipamentos médicos, nas telas-guia de equipamentos militares, no departamento de engenharia de controle de qualidade do sinal que vai ao ar, nas emissoras de tv e por aí afora.

Falando então em termos de qualidade, o antigo CRT demorou para ser igualado ou superado em muitas das aplicações mencionadas acima: em alguns exames médicos de imagem, o profissional ainda visualiza o órgão analisado em um monitor de tubo (o CRT), enquanto uma tela de LCD mostra a mesma imagem para o paciente. Essa aparente inversão de qualidade tecnológica é só aparente, uma vez que a precisão na definição dos detalhes no equipamento está naquele momento do exame sendo muito maior no CRT do que no LCD.

Está claro, por outro lado, que as tecnologias evoluem e hoje temos telas LCD, LED e OLED que se igualam, senão superam os antigos CRTs em muitos tipos de aplicações. Parte desse movimento de substituição ocorreu devido a questões ambientais envolvidas tanto na fabricação do CRT como em seu descarte posterior.

Mas no meio de exibições para entretenimento a história é outra: não temos os monitores, mas sim os televisores e aqui, quanto melhor a imagem, melhor será considerado o equipamento, mais ainda se conseguir apresentar imagens de qualidade muito superior ao das fontes recebidas.

Nesse segmento a evolução trouxe as telas de plasma e as de LCD, que durante muitos anos brigaram pela liderança no mercado. Volta e meia, em termos de qualidade, uma dessas tecnologias suplantava a outra. Defeitos de uma eram corrigidos mais tarde (o LCD não se prestava ao uso em edições de vídeo, pois apresentava rastro nas imagens em movimento rápido / o plasma deixava manchas na tela após certo tempo de uso). Hoje em dia podemos considerar esses problemas superados: além disso, esses televisores evoluíram muito em sua apresentação física, mais leves, finos e esteticamente bonitos - a beleza nunca era pensada nos antigos televisores de tubo...

A tecnologia de plasma no entanto foi deixada para trás: televisores com tecnologia LED vieram posteriormente melhorar ainda mais a apresentação das imagens, substituindo a iluminação de fundo das telas LCD pelas luzes de LED - e não os pixels à frente (como alguns imaginam), que continuaram a ser os tradicionais pixels utilizados em telas tradicionais LCDs.

A nova tecnologia que passou a competir com a tecnologia LED foi a OLED - aqui, também outro equívoco, quando se pensa ser o OLED uma evolução da tecnologia LED. Na verdade são duas tecnologias completamente diferentes e o OLED não é algo novo, existindo no mercado a muitos anos. Anos atrás alguns veículos já saíam de fábrica com painel de OLED e não só isso: inúmeros são os exemplos de seu uso, de determinados modelos de telefones celulares a painéis de rádios nos carros e displays de tocadores de mp3.

O que não se conseguia na época e passou a ser possível posteriormente foi a construção de telas OLED grandes, de tamanho suficiente para competir com os televisores de LED, que fossem também viáveis comercialmente. Isso porque a construção de telas OLED sempre foi cara e demorada - para os padrões industriais de produção em grande volume - daí sua presença quase que exclusiva no segmento de telas de pequenas dimensões.

Anos atrás então teve início a mudança nesse cenário, quando no evento CES 2012 foram apresentados diversos televisores nesse sistema, inclusive com a já almejada na época resolução 4K, suficiente para enfileirar pouco mais de 4.000 pixels por linha horizontal na tela. Só para lembrar, o primeiro padrão para produção digital destinado ao público em geral (padrão depois profissionalizado em produtoras devido à qualidade de imagem, entre outros), o DV, apresentava 720 pixels por linha horizontal na tela (e as telas HD aprentam, no modo full, 1.980 linhas...

Mas, afinal, o que é OLED?

Seu nome vem de Organic Light-Emitting Diode. Esses "diodos" emissores de luz são componentes eletrônicos que, como o próprio nome diz, emitem luz ao receberem estímulos elétricos. Um deles é o conhecido LED, tão comum em qualquer aparelho eletrônico: um minúsculo dispositivo que emite luz quando a corrente elétrica o atravessa, neste caso, passando por determinados compostos químicos em seu interior. No caso do OLED, acontece a mesma coisa; a diferença é que estes compostos são orgânicos - falaremos adiante - e o fenômeno recebe o nome de eletroluminescência.

Sua pesquisa não é recente, tendo iniciado-se ainda na década de 50-60 com diversas experiências que mostravam diferentes compostos orgânicos emitindo luz ao receberem cargas elétricas. O meio acadêmico e diversas empresas (entre elas a Kodak) criaram protótipos utilizando esses compostos e realizaram diversas descobertas nesse campo.

O termo 'orgânico': antigamente, até o início dos anos 1.800, acreditava-se que determinados compostos só podiam ser criados pelos seres vivos, daí a origem do termo "orgânico" para essas substâncias. Mais tarde descobriu-se que podiam ser criados a partir de elementos químicos comuns, sem a presença de seres vivos. Mas esse termo persistiu até hoje, tendo entrado na questão o elemento C (carbono): classificam-se como "orgânicas" as substâncias que apresentam quantidade significativa desse elemento. O curioso é que a maioria dessas substâncias não são encontradas em nenhum organismo vivo conhecido... Por outro lado, nem tudo o que contém carbono é classificado como orgânico: alguns tipos de metais (como o aço) e o diamante são exemplos disso. O fato é que, levando-se esse conhecimento para as telas do tipo OLED iremos verificar que não existe nenhuma conexão com seus componentes e os seres vivos.

Assim, definindo-se de maneira simplista, podemos pensar no OLED, em termos de comportamento, como se fosse LED comum, que contém em seu interior compostos que também emitem luz, mas com funcionamento e características diferentes deste. Uma delas é poder ser construído em tamanho tão pequeno que possa ser utilizado como um único pixel visualizado em uma tela, podendo essa tela, devido ao minúsculo tamanho de cada uma dessas células, ser observada de perto e competindo com as tecnologias tradicionais de display LCD e LED (que, como vimos, é a mesma tela LCD mas com iluminação traseira diferente - onde entra o LED). O LED por sua vez também pode ser utilizado como pixel, na parte frontal da tela... mas devido ao seu tamanho (não é possível construí-lo tão pequeno como o pixel OLED referido) torna-se viável em enormes painéis, utilizados em outdoors eletrônicos por exemplo.

O LCD permite a miniaturização em forma de pixels, porém o que ele faz é deixar ou não a luz atravessá-lo. Aqui aparece uma grande vantagem das telas de OLED. Ao contrário das telas do tipo LCD, telas OLED não necessitam iluminação traseira, pois o próprio painel emite luz (nas telas LCD, a camada de cristal apenas deixa ou não a luz passar, mas não emite luz própria. Desta forma, ou o painel reflete a luz frontal que o atinge - painel de relógio digital simples por exemplo (LCD refletivo) - ou emite a luz colocada atrás do mesmo - painel de celular simples por exemplo (LCD transmissivo), quando o celular é "ligado").

Esse fato - não depender de backlight, faz com que o nível de preto atingido pela tela (black level) seja superior ao de uma tela convencional LCD ou da atiga tecnologia de plasma, permitindo uma experiência visual mais rica em realismo nas imagens. Essa característica ainda produz outro resultado: reduz o consumo de energia do televisor.

Outra vantagem ainda: suas características e a ausência de backligt permitem a construção de telas muito finas - e leves. Mais do que isso, é possível fazê-las flexíveis. Assim, a grande promessa para o futuro que se tornou realidade, como pode ser visto em eventos como os anuais da CES, é o uso cada vez maior de telas OLED em diferentes formatos, tamanhos muito grandes, curvaturas em diferentes graus e espessuras mínimas, cada vez com maior resolução, atingindo valores como 4K e até 8K.