Volante, pedal da embreagem, pedal do freio, pedal do acelerador e alavanca do câmbio. Ah, sim, e a alavanca do freio de mão. São esses os controles básicos da grande maioria dos automóveis que conhecemos. Claro, existem variantes, como os carros com câmbio automático que não tem o pedal da embreagem, acionado exaustivamente nos infindáveis congestionamentos das grandes cidades...

Da mesma forma, a maioria das câmeras de vídeo possui diversos controles comuns. Talvez o mais básico deles seja o botão de ligar e desligar. Ao ser acionado, seja para efetuar uma gravação, seja para visualizar o conteúdo de uma gravação já realizada, uma série de eventos ocorre dentro da câmera. Nas câmeras que utilizam fita, se a fita já estiver dentro da câmera, já encontra-se nesse momento com um pedaço puxado para fora do cartucho, esticado sobre o cilindro giratório das cabeças de leitura / gravação, procedimento realizado por pequenos roletes comandados pelo mecanismo que opera sempre que uma fita é inserida. O cilindro começa então a girar e a fita, ainda estática sobre o mesmo, é liberada ao ser acionado o botão REC ou então o botão PLAY. Se isso não é feito, ou se após o REC / PLAY é acionada a tecla PAUSE, a câmera aguarda um determinado tempo (cerca de 5 minutos) até desligar-se sozinha. Isso é feito para proteger a fita do desgaste excessivo, sobre o mesmo ponto, por estar parada sobre o cilindro que continua a girar. E também para economizar bateria, supondo ser um esquecimento do operador da câmera.

Nas câmeras que trabalham com discos isso, claro, não ocorre, porém o disco passa a girar e fica aguardando o momento do REC / PLAY ser efetuado. A menor interação ocorre nas câmeras que gravam diretamente em cartões de memória - nada ali se move, somente a corrente elétrica com os dados a serem armazenados.

Embora bem simples, o controle REC / PAUSE costuma pregar "peças" em pessoas inexperientes e distraídas... ao acostumar-se com a sequência REC-PAUSE-REC, pode-se esquecer de desligar a gravação (interrompê-la) em dado momento. A partir daí, esse usuário "ligado" passa a gravar quando quer parar de gravar e vice-versa - são as famosas cenas de chão e pés caminhando... Para isso, é importante acostumar-se a olhar sempre as indicações no visor - a palavra "REC" vai aparecer por lá... Distraídos contumazes podem lançar mão de um recurso disponível em algumas câmeras: ela só grava enquanto o botão REC permanecer sendo pressionado...

O próximo controle mais utilizado é a alavanca de zoom. Aliás, deveria ser exatamente o contrário, porque o excesso de zoom-in / zoom-out torna o trabalho amadorístico, a não ser que trate-se de um efeito proposital. Pois a função do zoom é, em maior parte, alterar o enquadramento entre uma gravação (REC) e outra, e em menor parte conferir algum sentimento específico (aproximação lenta da imagem por exemplo) durante a gravação.

Câmeras profissionais possuem controle manual do zoom e seu efeito é o mesmo que os fotógrafos obtém em suas câmeras equipadas com lentes deste tipo, alterando o ângulo de visão da objetiva com o movimento da mão sobre a mesma. E podem ou não, conforme o tipo de objetiva utilizada, possuir também o controle motorizado. O controle manual não existe nas câmeras dos segmentos semi-profissional e consumidor: estas utilizam somente o motorizado. O controle manual dá mais liberdade criativa ao operador e o motorizado não: nas câmeras mais antigas, somente era possível acioná-lo em determinadas velocidades pré-estabelecidas. Mais tarde, com o zoom do tipo variable speed, passou a ser possível controlar a velocidade do zoom através da força com que sua tecla é pressionada em um dos lados, algo que simula mas não iguala o controle manual verdadeiro.

E por falar em zoom, o ideal é manter a opção do zoom digital, quando ela existir, sempre desligada, o que geralmente é feito via menu da câmera. Aliás, este é outro controle comum nas câmeras atuais: o botão de menu. Convém "visitá-lo" ao menos logo após a câmera ser adquirida. O zoom digital é uma dessas opções obrigatórias na visita ao menu: geralmente (depende da câmera) qualquer aumento digital maior do que 40X estará degradando visivelmente a imagem: o adesivo "zoom de 300X" colado por fora da câmera é apenas um apelo de marketing.

E já que estamos no menu, verifique (principalmente se sua câmera é Mini-DV) o ajuste de áudio: normalmente ele vem de fábrica ajustado para gravação em 4 canais. Mude-o para 2 canais: o áudio no formato DV possui duas opções de utilização: ou um par de trilhas estéreo de 16 bits de resolução sonora (qualidade semelhante ao CD de áudio comum) ou dois pares de trilhas estéreo de 12 bits de resolução sonora (qualidade sonora inferior).

O objetivo da opção "4 canais" no formato é propiciar a inserção posterior de áudio em 2 dos canais, algo semelhante ao que podia ser feito com o VHS no processo audio insert, tanto no VCR quanto diretamente na câmera. Mas com o uso quase universal da edição-não-linear, isso deixa de ter sentido - é muito mais fácil manipular o áudio diretamente no micro.

Outro controle é o do foco, que nas câmeras profissionais é acionado manualmente e nas dos demais segmentos da mesma forma que o zoom: através de motorização. Existe nessas câmeras a opção de controle manual do foco, porém, como também existe o dispositivo de foco automático, nunca é o operador que de fato aciona as lentes internas da objetiva para focalizá-la e sim pequenos servo-motores dentro da mesma. Se o acionamento desses motores não é feito pelo controle automático de focalização, é feito pelo operador ao girar o anel ou disco de foco manual. É por isso que o anel / disco podem ser girados indefinidamente: ao ser atingido o deslocamento máximo da lente, seu acionamento deixa de produzir qualquer efeito. Devido à atuação desses servo-motores, o tempo de resposta na focalização manual não é imediato (como no controle manual verdadeiro), existindo um determinado tempo de atraso.

O foco manual pode ajudar em diversas situações, mas em algumas convém desligá-lo: em locais de baixa iluminação o controle automático terá dificuldades para "ver" a cena com suficiente detalhes para conseguir fazer o foco correto e ficará constantemente movendo as lentes da objetiva na tentativa de obter isso. Outra situação é quando objetos ou pessoas passam com frequência à frente da câmera, em primeiro plano e o que se deseja gravar está mais para trás. Nesses casos basta acionar o botão para desligá-lo, geralmente após o foco ter sido feito automaticamente para a cena que se quer gravar - caso dos objetos / pessoas que passam na frente. No caso da pouca luz, utiliza-se a seguir o controle manual para colocar a cena em foco.

E por falar em luz, lembramos de outro botão conhecido, o botão backlight. Seu objetivo é efetuar um ajuste sobre a abertura pré-determinada para a íris pelo controle automático de exposição, tentando melhorar a imagem ou o que se quer dela. Em outras palavras: quando, dentro de uma sala, de dia, alguém olha para você e fala algo, sendo que essa pessoa faz isso encostada em uma janela envidraçada pela qual entra muita claridade, dificilmente você consegue a princípio captar a expressão do rosto dessa pessoa. Na verdade, a claridade está ofuscando sua vista e para conseguir perceber melhor o rosto da pessoa você tem que fixar bastante sua atenção sobre ele. O mesmo acontece com a câmera, que no controle automático, fecha demasiadamente a íris devido ao excesso de luz, fazendo com que a pessoa em primeiro plano nessa situação fique em silhueta. Se não é isso o que você deseja, pressione o botão backlight. Ele forçará ligeiramente a abertura da íris; com isso o fundo ficará excessivamente claro, mas o rosto da pessoa ficará mais visível.

É no entanto um controle pontual, que serve para "quebrar o galho" em ocasiões específicas, ele só abre a íris um determinado valor fixo além do que ela já está aberta. Pode-se ter no entanto o controle total da íris em câmeras que permitem isso, geralmente através de um pequeno disco que pode ser girado.

O controle de velocidade (shutter speed) não permite alterar a velocidade padrão de 30 quadros / segundo do vídeo no padrão NTSC, o padrão que praticamente domina todas as câmeras utilizadas no país. Ao invés disso, ele determina o tempo que cada quadro vai ficar exposto à luz. O normal é 1/30 segundo, já que essa é a velocidade padrão do vídeo (NTSC). Mas é possível reduzir esse tempo, sem reduzir a velocidade do vídeo. Como?

Quanto mais tempo um paozinho fica no forno, mais assado e corado ele vai ficar. Se for tirado antes, sairá mais clarinho. O princípio é o mesmo. O CCD ou CMOS, chips sensores de imagem das câmeras, são lidos como se lê uma revista, da esquerda para a direita e de cima para baixo. É essa leitura que forma o sinal de vídeo. A cada 1/30 seg. um dos pixels do chip estará sendo lido. Ao ser lido, a carga elétrica acumulada sobre o mesmo (produzida pela luz) é descarregada e ele tem novamente um "prazo" de 1/30 de seg. para acumular mais carga. Se passarmos no entanto, pixel a pixel descarregando-os um pouco antes da leitura ser feita, eles terão um tempo menor para acumular carga novamente. Algo como fazer uma "sangria" prévia. O processo de leitura então, que passa sobre cada pixel a cada 1/30 seg. estará lendo um pixel que ficou exposto à luz 1/30 seg., mas que teve parte de sua carga "roubada" pelo processo de apagamento. Assim, o que vai ser lido é o tempo que foi acumulado de carga, bem menor do que 1/30 seg. Aproximando o processo de apagamento do processo de leitura (imagine 2 corredores de maratona, um na frente apagando e outro atrás anotando os valores acumulados), pode-se ter tempos extremamente baixos de exposição, como 1/10.000 seg. por exemplo, ou menos.

A combinação desses tempos com o controle automático de abertura da íris permite disponibilizar em muitas câmeras os chamados modos automáticos de exposição, como por exemplo o Sports Mode (o nome pode variar conforme a câmera) que usa velocidade alta para permitir o congelamento nítido dos movimentos durante o PLAY / PAUSE.

Finalmente, toda câmera possui os mesmos controles encontrados nos VCRs, ou seja, PLAY, FF, RW, STOP e PAUSE, para que seja possível assistir-se ao que foi gravado, ou fazer a captura dessas imagens para o micro.

Esses são, portanto, os "pedais" e "alavancas" básicas das câmeras de vídeo.