A diferenciação entre esses dois conceitos, definição padrão (Standard Definition) e alta definição (High Definition) está em uma contagem numérica, a quantidade de linhas na tela da TV ou vídeo. Contadas, umas abaixo das outras, uma quantidade menor do que um determinado número indicará tratar-se de um sistema de baixa definição (definição SD), e uma quantidade maior do que esse determinado número indicará tratar-se de um sistema de alta definição (HD). E qual é esse número?

Um sistema que apresente mais de 1080 linhas de resolução vertical será um sistema HD, enquanto os que apresentam somente essa pequena quantidade de linhas, como por exemplo as imagens do antigo (mas ainda em uso) HDTV, serão SD. Com quadros de imagem sendo reproduzidos na cadência de 60/seg. em montagem progressiva, a TV de alta definição apresenta imagens com 4.320 linhas de resolução vertical e 7.680 linhas de resolução horizontal. Em termos de pixels por quadro de imagem, temos mais de 32 milhões (resultado da multiplicação de 7.680 por 4.320), contra somente 2 milhões da antiga HDTV de mais de 10 anos atrás...

O aspecto de imagem manteve-se no entanto inalterado através dos mais variados formatos e tecnologias surgidos recentemente: 16x9, aproximando-se bastante do aspecto das imagens do tradicional cinema de Hollywood, desde a época em que o mesmo abandonou definitivamente as películas com perfurações, em rolos, utilizadas ainda nos antigos projetores de cinema nos primeiros anos após a virada do milênio.

Novas formas de armazenamento tem surgido dia após dia, prevendo-se para breve a aposentadoria dos tradicionais discos holográficos, muito utilizados hoje em dia para armazenar filmes em HD. Para se ter uma idéia da evolução tecnológica alcançada nas últimas décadas, o mesmo filme ocuparia mais de 60 discos DVD-Video utilizados no passado, e ainda um punhado dos também superados Blu-ray e HD-DVDs (alguém lembra-se desses discos?)

Agora que a capacidade de armazenamento dos micros supera a casa das centenas de terabytes e velocidades dos processadores atinge mais de 10GHz, o sistema Super Hi-Vision torna-se uma realidade.

O texto acima poderia ter sido escrito em algum ano próximo de 2025, data prevista para o início das transmissões regulares do sistema Super Hi-Vision, mais conhecido como UHDTV, ou Ultra High Definition TV, desenvolvido pelos engenheiros da estatal NHK no Japão. O sistema já existe e funciona de fato, como tem tido a oportunidade de constatar centenas de visitantes que formam filas para ver suas imagens nas feiras onde tem sido demonstrado.

Obviamente nossos recém instalados equipamentos HDTV perdem feio no quesito qualidade e definição de imagem em comparação com um sistema assim, que, além de tudo, ainda possui 22 canais de áudio. Tanta informação pode ser exibida nas demonstrações, mas ainda não existem sistemas práticos comercializáveis capazes de armazenar suas imagens, isso sem nem entrarmos no aspecto da edição. Outro ponto é o da transmissão de um grande volume de informação como esse, que mesmo codificado e comprimido ainda ocupa uma banda muito larga, exigindo soluções que vão de fibras ópticas a configurações especiais em satélites, empregadas em testes realizados com o sistema nos últimos anos.

As experiências feitas remetem a fatos do passado ocorridos com testes de novos equipamentos, como por exemplo a informação de que existem somente 2 câmeras funcionando para captar essas imagens, câmeras grandes, pesadas e repletas de cabos e controles - podem captar menos de uma hora de imagens por dia. No entanto, foi assim no passado também com a TV tradicional, hoje com câmeras que podem ser embutidas dentro de um aparelho celular.

Para o público, a experiência de assistir os poucos minutos apresentados produzem comentários onde muitos dizem não acreditar no que estão vendo.

Mas, para o mesmo público ter acesso corriqueiro a essa tecnologia muitos anos ainda terão que vir pela frente, melhorando a resolução das telas dos televisores, diminuindo seu preço (pode-se lembrar aqui o alto preço dos televisores de plasma quando surgiram no mercado) e propiciando-se meios de armazenamento como os citados discos holográficos. Aliás, não somente esses discos (hoje já existentes) tem seus competidores, como a própria UHDTV tem sistemas parecidos, com outras tecnologias, sendo estudados e desenvolvidos. O armazenamento em memória sólida cresce com grande rapidez de expansão, e tecnologias revolucionárias estão sendo pesquisadas neste sentido. Com certeza isso tudo dará suporte à implantação de sistemas, senão idênticos, derivados ou a própria UHDTV mesmo, em um futuro que conta-se em menos do que uma década.

Voltando para os dias atuais, conceitua-se HD como sendo todo sistema de imagem que possua mais do que as tradicionais 480 linhas de resolução vertical, definição válida para o padrão NTSC, mas adaptável para o PAL e suas 576 linhas. Existe quem considere, por este fato, o PAL como um sistema HD, argumentando que 576 não é muito distante de 720, uma das duas resoluções HD atualmente em uso (a outra é a de 1080 linhas). Este conceito está totalmente incorreto, pois se por um lado de fato existe essa proximidade na resolução vertical, deve-se lembrar que as resoluções horizontais dos dois sistemas são muito diferentes. E, além disso, que o PAL é um sistema entrelaçado tradicional e o 720 no modo HD um sistema progressivo.

Os sistemas HD possuem quadros de imagem de dois tipos, 720 x 1280 pixels ou 1080 x 1920 pixels; o primeiro monta seus quadros de imagem na forma progressiva e o segundo na forma entrelaçada. Para o público a qualidade visual das imagens tanto em um sistema quanto em outro é equivalente: um possui mais linhas, mas é entrelaçado (somente metade da informação é mostrada de cada vez). O outro mostra todas as linhas, uma abaixo da outra de uma só vez, mas possui menos linhas. E mesmo hoje a experiência HD ainda exige determinados investimentos para que seja possível por parte desse público: existem televisores que apresentam 600 ou mais linhas de resolução vertical, porém menos do que as 1080 entrelaçadas ou 720 progressivas do padrão HD citado acima. Todos esses aparelhos, embora sejam classificados como HD, não são capazes, de fato, de exibir as imagens da HDTV com toda a qualidade possível.

No tocante à edição, surgiram formatos HD destinados ao público não profissional e seus equipamentos caríssimos: foi assim como o HDV e posteriormente com os formatos HD baseados em compressão MPEG4 por exemplo, como o AVCHD, embora estes últimos possuam edição não muito amigável quanto o HDV, que mesmo assim não superaram a facilidade e qualidade nesses processos dada pelo tradicional Mini-DV.

O ponto central aqui no entanto é mostrar que os conceitos evoluem, e o que é uma coisa hoje pode já não ser amanhã. Voltando para o passado, iremos encontrar um público encantado com as primeiras transmissões ao vivo da TV colorida. Comenta-se que um sistema desse tipo colocado para exibir imagens de eventos cirúrgicos em um congresso médico teria provocado alguns desmaios de funcionários do hotel. Verdade ou não, o fato é que o realismo das imagens televisivas é repensado de tempos em tempos, estabelecendo-se novas marcas de resolução, divisores de águas entre os conceitos SD e HD.

Mais para trás ainda no tempo, em uma época em que a TV ainda não sonhava em transmitir cores, a BBC anunciava seu revolucionário sistema high-definition, no dia 2 de novembro de 1936, conforme histórico constante em seu site. O termo não poderia ser outro: comparando-se a resolução das imagens desse sistema com a de sistemas desenvolvidos na forma de protótipos até então, havia um grande número de linhas produzindo uma imagem nunca antes vista.

A questão é exatamente essa, caminhamos de saltos em saltos cada vez mais para uma analogia mais perfeita da realidade na tela de um televisor ou de uma sala de cinema. Até onde essa realidade irá chegar é uma incógnita. Avançaremos depois em 3 dimensões, clicaremos em telas suspensas no ar "à la Tom Cruise em Minory Report" e cada vez mais conseguiremos espremer todas essas informações em espaços sempre menores. E ainda, mais uma vez, o que era HD deixará de ser, tornando-se tecnologia do passado.