Como lembrou o pesquisador Adam Wilt em um recente artigo, o termo "alta definição" já foi empregado tempos atrás, mais precisamente na década de 30, com a inauguração do primeiro serviço regular de TV no Alexandra Palace, em London pela BBC. Comparado com os primeiros sistemas criados e suas poucas linhas utilizadas, um sistema que mostrava imagens com uma quantidade muito maior de linhas - e portanto com muito mais resolução, ainda que abaixo da resolução Standard Definition dos nossos dias, podia naquele ano de 1936 receber a classificação HD - High Definition.

Nos dias de hoje, consideramos HD sistemas que apresentem mais de 720 linhas de resolução vertical. No entanto, como tudo evolui, essa mesma classificação poderá daqui a algumas décadas ter o mesmo tom de humor que tem hoje o anúncio feito na época pela BBC, ao afirmar que daquele dia em diante a TV nunca mais seria a mesma.

Os conceitos mudam com o tempo, mas a assimilação dos mesmos encontra muita resistência no entendimento e aceitação das pessoas. Estudados e testados a mais de 20 anos (desde os sistemas puramente analógicos) os protótipos de televisores de alta definição que saíram dos modelos de laboratório para as lojas já a alguns anos, chegam recentemente também ao Brasil.

O conceito ainda é mal compreendido, situação ajudada muitas vezes por erros graves cometidos pela imprensa não especializada - recentemente um grande jornal do país publicou a informação de que a próxima novela da Globo seria a primeira a ser gravada inteiramente em alta definição, enquanto as demais eram gravadas até hoje "em digital" - o que será HD então, um formato analógico?

Confunde-se TV digital com TV de alta definição, julga-se que qualquer televisor widescreen HD esteja preparado para mostrar as imagens da HDTV - independente do setop box, existem diversas resoluções HD inferiores à resolução da HDTV. Pensa-se existirem padrões HD "NTSC" e "PAL", quando o que existem são sistemas HD trabalhando em 60 ou 50Hz, e outras confusões tais.

Novos conceitos, exigindo novos aprendizados. Não estamos no entanto mais no ano de 1936, e hoje, com as facilidades múltiplas do mundo globalizado crescem as possibilidades de troca de informações, esperando-se com isso que a "poeira" baixe logo e os conceitos sejam assimilados e entendidos por um maior número de pessoas, mesmo as mais leigas no assunto.