O título acima poderia incluir também os formatos CDs e DVDs+/-RW, embora nesse caso a disputa entre padrões tenha acabado em empate. Na realidade, houve quem apostasse também em um empate entre os dois, incluindo este colunista. Essas decisões são sempre, como se sabe, predominantemente políticas e comerciais, como tem sido em diversos países a escolha por exemplo do sistema de TV de alta definição, a HDTV. Do lado técnico o empate nem sempre acontece: a disputa Blu-ray x HD-DVD (seu rival) foi muitas vezes comparada à outra disputa acontecida muitos anos atrás, quando do nascimento dos gravadores e reprodutores domésticos de vídeo. A hoje mais do que conhecida fita VHS tinha um concorrente forte, a fita Betamax, criada pela Sony. Em termos de qualidade de imagem, superava o formato VHS da JVC, mas este levava uma vantagem que se mostrou decisiva: cada fita podia conter 2 horas de gravação - contra apenas uma do formato Betamax. Claro, o objetivo no horizonte não era simplesmente trazer a possibilidade da gravação de vídeo para o alcance do usuário doméstico, inclusive porque na época não existiam câmeras acessíveis a esse público.

O objetivo passava muito mais próximo de Hollywood do que dessas pequenas câmeras: visualizava-se a possibilidade de trazer para dentro das casas desses usuários o que antes só era possível de ser visto no cinema - ou revisto na TV. Nessa época acontecia a febre do 8 e do Super-8mm, e como não era incomum encontrar projetores de cinema nessas bitolas nas residências, havia um pequeno mercado - pequeno mesmo - de filmes que haviam feito sucesso no cinema, em versões reduzidas para essas bitolas. Reduzidas não só em tamanho físico, como em comprimento (duração) do filme: normalmente eram cenas principais, pinçadas aqui e ali devido ao pequeno tamanho do rolo formatado para venda.

O VHS então desbancaria rapidamente o Betamax, ainda que com qualidade um pouco menor de imagem. A disputa Blu-ray x HD-DVD foi vencida pelo Blu-ray, embora o processo de fabricação dos discos HD-DVD fosse muito mais fácil - fábricas de DVDs podiam ser facilmente adaptadas, um ponto a favor de seu menor preço. Por outro lado o Blu-ray possui maior capacidade de armazenamento: 50Gb em camada dupla, enquanto o HD-DVD oferece 30Gb. Haviam planos e estudos no entanto para uma versão de camada tripla, atingindo 45Gb. O Blu-ray é mais adequado para filmes por ter maior capacidade de oferecer interatividade com o usuário - uma tendência crescente de poder interferir na história ou ver a mesma coisa de ângulos diferentes, entre outras capacidades. Já o HD-DVD, apoiado por empresas como Microsoft, Intel e HP é mais adequado para armazenamento de dados, embora possa armazenar também filmes, sem problemas.

O fato é que o fator decisivo para o surgimento do vencedor foram os acordos feitos pelas empresas que o apoiavam, como Sony, Panasonic, Samsung e outras, com os grandes estúdios de Hollywood. Uma das últimas a aderir ao formato Blu-ray foi a Warner, que durante um período chegou a promover um formato híbrido chamado Total-HiDef, com um lado do disco gravado em Blu-ray e o outro gravado em HD-DVD.

Nada disso é mais necessário: melhor em alguns pontos, em outros nem tanto, venceu o Blu-ray. Mas não por muito tempo: vem aí os discos holográficos, prometendo 200Gb de armazenamento. Aqui também podem surgir disputas por padrões, onde, mais uma vez, haverá um vencedor. Ou não, como aconteceu com os discos +/-RW. Seja como for, quanto mais rápido acontecem essas decisões, melhor para o consumidor, que se livra de um processo longo de indefinição. E alguns desses consumidores estão provavelmente agora anunciando nas seções de classificados seus filmes recém adquiridos, gravados em HD-DVD...