O editorial de setembro/2007 (Da Bruxa de Blair a Sarah Landon) relacionava uma série de filmes ou trechos de filmes capturados em vídeo, não em película cinematográfica, e em resolução standard (SD), não em HD. O objetivo era mostrar que mesmo em uma época em que ainda não se falava em HD e mesmo depois disso, o vídeo sempre teve acesso à tela grande. Claro, que dentro de um contexto todo particular, onde isso era claramente uma exceção, frente ao grande número de trabalhos feitos da forma tradicional.

Com a chegada do HD às câmeras de baixo custo, como as do formato HDV e a Panasonic AG-HVX200 (porta de entrada para o formato DVCPRO HD), esse panorama começou a se intensificar. Logicamente não se pode nem de longe comparar a qualidade da imagem produzida através de películas com a qualidade da imagem desses equipamentos. No entanto, vivemos em um mundo cada vez mais digital: a pós produção sofisticou-se de tal maneira, que passou a ser aceitável a inserção de cenas gravadas nessas câmeras entre outras, capturadas em películas. Ou até ter-se a gravação do filme todo, caso de Borat e Sarah Landon por exemplo, citados naquele editorial.

A idéia proposta é então uma reflexão: se grandes trabalhos estão sendo feitos com sucesso com a ajuda desses equipamentos de custo acessível, é porque o resultado é muito bom. E se pensarmos em um cenário real de utilização em projetos bem menores, poderemos perceber que temos hoje em mãos ferramentas que, se bem ajustadas, possuem um enorme potencial.

A relação abaixo exemplifica a questão, no caso com a câmera AG-HVX200. O produtor Barry W. Green, no fórum DVXUser relaciona alguns filmes onde a HVX200 foi utilizada:

  • "Taxi To The Dark Side", documentário indicado ao Oscar, como câmera-b em relação à câmera principal, uma Panasonic Varicam.
  • "No End In Sigth", documentário também indicado ao Oscar, em cenas capturadas em trechos do Iraque.
  • "Diary of the Dead", do diretor George Romero (Night of the Living Dead), em algumas cenas do filme, com orçamento de 15 milhões de dólares.
  • "Munich", do diretor Steven Spielberg, em determinadas cenas de fundo verde, com posterior transfer.
  • "Bring It On:In It To Win It", do diretor Levie Isaacks (Malcolm In The Middle, Dawson's Creek), em algumas cenas do filme.
  • "Childless", do diretor Graham Leader (In The Bedroom), capturado inteiramente com a HVX200, em 720/24pN, em um orçamento de 1 milhão de dólares.
  • "Fireproof" do diretor Kendrick Brothers (Facing The Giants), em cenas do filme.
  • "Cloverfield" do diretor J. J. Abrams (produção de 25 milhões de dólares) em diversas cenas.
  • "Redacted" do diretor Brian DePalma, em cenas do filme.
  • "Letters From Iwo Jima", do diretor Clint Eastwood fez uso extensivo no making off e algumas cenas acabaram fazendo parte do filme propriamente dito.

A lista possui muitos outros exemplos, entre documentários e seriados para TV. Como mencionado no editorial de setembro, cada vez mais o lado da projeção digital vai-se expandir e substituir a projeção tradicional em película. Algo que vem facilitar ainda mais o acesso dos pequenos produtores à tela grande. Em grande estilo.