Muito se tem dito e discutido nos últimos tempos sobre o fim da fita magnética. É um conceito errado, no entanto, achar que não existe mais lugar para esse meio de armazenamento, pelo menos na área de videoprodução. É certo, por um lado, que a medida que passa o tempo mais câmeras entram no mercado sem utilizar fitas magnéticas como meio de registro das imagens capturadas. Os sistemas P2, SxS e os que gravam em cartões pequenos como os SDHC e outros estão aí para comprovar o fato, assim como as câmeras que gravam em cartões internos não removíveis, mini-drives HDD embutidos, discos ópticos e HDs externos.

No entanto, todas essas mídias possuem os dois lados da moeda. Por um lado, são excelentes para captura de imagens nas câmeras, possibilitando o acesso imediato das cenas gravadas, em qualquer ordem e a gravação / regravação instantâneas. São também indiferentes ao grande vilão das fitas, os campos magnéticos, resistindo ainda, principalmente no caso das memórias sólidas, a impactos e situações adversas dos mais variados tipos - os pendrives são um exemplo, não é a toa que as caixas pretas dos aviões gravam seus dados em memórias desse tipo.

Por outro lado, quando se pensa em armazenamento por longo tempo (diga-se por décadas), logo suas fragilidades tornam-se aparentes: um disco rígido por exemplo, se abandonado em uma prateleira inativo por um tempo muito grande apresentará com muita probabilidade dificuldade de funcionamento quando for religado. Discos ópticos graváveis (não os prensados de fábrica) apoiam-se em uma camada de material orgânico cuja composição química está sujeita à degradação com o tempo. Memórias sólidas resistem ao armazenamento longo, no entanto custam caro e possuem relativamente pouca capacidade. Como armazenar então grandes volumes de dados - caso do conteúdo de um longa metragem capturado na forma digital por exemplo?

A resposta hoje ainda é o meio magnético, no caso, as fitas. De uso tradicional em grandes empresas de informática, armazenam o conteúdo inteiro de banco de dados volumosos e são utilizadas como backup, não para acesso direto. O formato em grandes carretéis - popularizado por filmes e desenhos quando se queria falar de computadores, a anos não é mais utilizado na indústria da informática, que os substituíram pela mesma fita, porém enrolada em pequenos cartuchos. Com melhorias que aumentaram em muito a sua capacidade de armazenamento, são dispostas nos grandes centros em bibliotecas automatizadas, retiradas e recolocadas em seus locais de armazenamento por robôs.

Fora dos grandes centros, esse meio de armazenamento existe na forma de equipamentos do tamanho de um receiver tradicional de áudio (não os modelos slim!). Dentro é feita a leitura do cartucho, enrolado em um cartucho único (o outro fica no aparelho), em um sistema denominado LTO (Linear Tape Open), derivado do sistema de dados DLT (Digital Linear Tape).

A questão que se coloca hoje é que o LTO tem um custo muito alto para o pequeno produtor, que se vê obrigado a manter seus originais, quando em HD, em discos blu-ray ou mesmo HDs externos. O que se espera da indústria é o surgimento de novas mídias ou novos meios com custo inferior, grande capacidade de armazenamento e longa duração.