As lentes são conhecidas dos homens a muitos anos, na verdade, a muitos séculos: voltando no tempo 2.500 anos atrás vamos encontrar registros de lentes utilizadas para enxergar pequenos detalhes e produzir fogo através da concentração dos raios do Sol. Nas proximidades da cidade iraquiana de Mosul, a região denominada Nínive localizava-se na antiguidade na Assíria e nesse local foi encontrada a mais antiga lente, com data estabelecida em 640 anos AC, atualmente exibida no British Museum.

Denominada "lente" em função de seu primeiro formato lembrar o de um grão de lentilha, seu nome é muitas vezes no linguajar corrente utilizado como sinônimo de objetiva. Na verdade, com raras exceções, as objetivas são formadas por diversas lentes dispostas em pontos estratégicos em seu interior.

Isso acontece porque a imagem produzida por uma única lente carece de precisão: lentes apresentam diversos defeitos, chamados tecnicamente "aberrações". Podem consistir numa simples distorção indesejada na imagem, fazendo com que linhas próximas das bordas fiquem com aspecto curvo - característica das lentes muito grande angulares. Mas podem constituir-se também na perda de nitidez nas áreas localizadas nas bordas (aberração esférica) ou ainda distorções em trechos da imagem formados por raios de luz que atingem obliquamente a superfície delas (aberrações do tipo coma).

Esses tipos de defeitos são minimizados através de cálculos de curvatura executados com precisão no bloco óptico, um dos diversos motivos que justificam o alto preço das lentes quando fabricadas para produzirem imagens com grande qualidade.

Ao atravessar a lente os raios de luz mudam de direção e é este fenômeno que vai possibilitar a formação das imagens. Porém, perto das bordas das lentes cada raio de determinada cor sobre um desvio diferente, o que produz imperfeições na imagem formada; mais perto da região central da lente isso torna-se praticamente invisível. É por este motivo, entre outros (como captar mais luz por exemplo), que normalmente as lentes possuem diâmetro maior do que a área aproveitada da imagem formada. Outro fator para encarecer seu custo.

Outras providências são tomadas também para reduzir essas e outras imperfeições, como recobrir a superfície das lentes com camadas especiais ou mesmo utilizar determinados cristais onde o problema ocorre muito pouco, como a fluorite - mais outro fator de encarecimento. Em lentes profissionais o material comum vidro raramente é utilizado, assim como a versão policarbonato (a dos óculos inquebráveis) em lentes utilizadas em câmeras profissionais.

Por esses motivos normalmente as objetivas são formadas por diversas lentes, podemos dizer que uma "compensa" as aberrações das demais. Não é raro encontrar objetivas, especialmente as do tipo zoom, formadas internamente por mais de 10 lentes. Isso influi em seu peso, em sua claridade (=luminosidade) e na capacidade de produzir imagens com boa qualidade. O fator luminosidade torna-se assim crítico para objetivas com muitos elementos internos: as mais luminosas exigem cristais e produção bem sofisticada - sinônimo de alto preço.

Essa característica - luminosidade - é preciosa para diversos tipos de trabalhos em fotografia, cinema e vídeo. Se a objetiva é bastante luminosa, admite bastante luz e permite, assim, trabalhar-se com ajustes pequenos de íris. Pouca luminosidade exige aberturas maiores e nem sempre suficientes, passando a exigir complemento de iluminação externa, o que muitas vezes pode encarecer produções.

Outro fator que exigiu o aumento do nível de qualidade das lentes e portanto seu custo foi a presença cada vez maior do HD em vídeo. O cinema sempre possuiu suas lentes, em um patamar de custo que justificava a alta resolução necessária para a formação de imagens em películas.

Já o vídeo não convivia com essa realidade, isso até a chegada das imagens em HD e dos televisores de alta resolução. Nessa nova situação os menores defeitos são notados, o que exige maior precisão e custo no fabrico desses materiais ópticos.

É por esse motivo que é comum afirmar-se, com razão, que além de ser a parte mais cara de uma câmera, suas lentes são em muito as responsáveis pela maior ou menos qualidade das imagens produzidas.