enquadramentos existem para ajudar a contar uma história ou, de forma mais básica, para transmitir uma determinada sensação com a imagem que está sendo mostrada. Assim, classicamente uma pessoa vista de baixo para cima transmite a sensação de superioridade, o inverso acontecendo quando esta mesma pessoa é vista de um ângulo superior à sua cabeça. A seguir, uma relação de alguns enquadramentos e suas motivações:

- pan / o movimento de giro da câmera sobre um eixo vertical imaginário (quando segura nas mãos) ou real (quando em um tripé ou monopé) serve para revelar um cenário - quando suas dimensões laterais são insuficientes para caber no enquadramento utilizado, ou então para seguir uma pessoa ou objeto que se move horizontalmente ou ainda para, em um cenário sem personagens, mostrar a distância entre algo à direita e algo à esquerda.

- tilt / o movimento de apontar a câmera para cima ou para baixo (como fazemos com nosso rosto) serve para os mesmos propósitos do movimento pan, alterando no entanto o eixo do movimento da posição vertical para a posição horizontal (no caso humano, este eixo imaginário seria a linha que liga as 2 orelhas, internamente à cabeça).

- pedestal / o movimento de subir e descer a câmera (como se esta estivesse em um elevador) serve para colocar o expectador "cara a cara" com o motivo que se quer mostrar. Um exemplo seria mostrar uma pessoa, em close, conversando com alguém que está acima dela e, após um tempo, subir a câmera para, deixando de enquadrar esta pessoa, mostrar com quem ela está conversando na parte superior da cena, aplicável por exemplo a um motorista de caminhão conversando da janela da cabine com uma criança em pé do lado de fora.

- dolly / o movimento de aproximar ou afastar a câmera do objeto ou pessoa, colocando-a em trilhos ou suportes com rodas serve para fazer algo que a objetiva zoom não faz: mudar a perspectiva da imagem, ou seja, o tamanho aparente que os objetos e pessoas colocados em diferentes distâncias uns dos outros demonstram ter. O zoom amplia tudo de maneira uniforme; brincando com isso para criar um efeito interessante Hitchcock criou um movimento de câmera que somava um dolly in (câmera aproximando-se do objeto ou pessoa) com um zoom out (aumento progressivo do ângulo de visão da lente). Se o resultado do dolly e do zoom fossem os mesmos, na combinação de Hitchcock nada ocorreria com a imagem se a velocidade nos efeitos fosse ajustada de forma a um compensar o outro, situação esta impossível, possibilitando assim, a execução do efeito imaginado por ele.

- steadicam / o movimento da câmera acompanhando suavemente o desenrolar de uma cena, como o caminhar de um personagem passando por diversos tipos de solo (escadas por exemplo) sem que a câmera, que o acompanha, demonstre estar sendo transportada por alguém fazendo o mesmo percurso a pé e sim flutuando no ar. Permite literalmente expandir o movimento de dolly para qualquer um dos lados, a qualquer momento, sem se preocupar com trilhos ou superfícies planas para o rolar suave de rodízios.

- grua / o movimento efetuado como se a câmera estivesse na ponta da haste de um guindaste permite que a mesma seja levada com facilidade a alturas e distâncias consideráveis, quando se compara com as limitações dos movimentos tradicionais efetuados com os equipamentos de suporte do tipo tripés e steadicam. Utilizado para levar a câmera a lugares inacessíveis, tanto no alto das redes do campo de futebol como do lado de fora da porta de um carro em velocidade, como no camera car.

- câmera nas mãos / o movimento mais fácil e simples de ser executado mas ao mesmo tempo o que exige mais habilidade de seu operador(a). Empregado quando se deseja transmitir a sensação de expontaneidade, como em noticiários e documentários.