o mecanismo de foco automático pode ser entendido como um sistema que armazena a imagem vista através das lentes, efetua um deslocamento mínimo no foco das mesmas, armazena novamente a imagem (em outro local) e a seguir compara as duas. Este tipo de sistema é chamado passivo, pois um microprocessador analisa as duas imagens em busca da que estiver melhor focalizada. Sistemas ativos, existentes em máquinas fotográficas, emitem raios de luz infravermelha em direção aos elementos da cena e medem o tempo que os mesmos demoram para voltar à câmera, calculando assim a distância e podendo efetuar o ajuste no foco das lentes. No sistema passivo, o microprocessador simula o julgamento do olho humano. Sabemos que uma imagem está perfeitamente em foco quando seus contornos são nítidos e não borrados, esfumaçados.

Na imagem de um poste preto com uma parede branca ao fundo, se o mesmo estiver focalizado haverá um contraste bem definido na imagem: uma linha vertical divide a imagem, preta para um lado (poste), branca para outro (parede). Se no entanto estiver desfocado, não haverá uma linha divisória: o preto vai-se tornando cinza escuro, depois claro e depois branco, ou seja, o contorno é borrado, não é nítido. E é assim que funciona o microprocessador: tenta identificar linhas divisórias nítidas de contraste. No exemplo, se o contraste é baixo, emite uma ordem para um micromotor afastar um pouco as lentes e armazena a imagem novamente. Compara a seguir com a imagem anterior: se o contraste aumentou, continua acionando o motor e efetuando comparações, até atingir o maior nível de contraste possível. A partir de determinado ponto no entanto, estando a imagem bem nítida, um próximo afastamento das lentes vai diminuir novamente o contraste. Então o microprocessador percebe que atingiu o ponto de foco na posição anterior e retorna as lentes para o ponto anterior. É por isso que vemos o ir e vir do foco até que o sistema encontre o ponto ideal.

De posse dessas informações, podemos concluir os dois fatores que facilitam a focalização automática: a existência de contraste na imagem e a existência de luz. Se no exemplo a parede do fundo do poste fosse também preta, o sistema teria dificuldade em achar o foco (até poderia não conseguir). Por outro lado, se o local estivesse escuro, a mesma dificuldade apareceria. Assim, a dica para facilitar o foco automático é apontar a câmera para locais iluminados e com contraste. Em determinadas situações, como tentar focalizar uma camiseta uniformemente branca de alguém pode ser utilizado um truque, que consiste em desviar a câmera para algo que possua contraste (o colar que a pessoa usa por exemplo). A câmera vai conseguir fazer o foco. A seguir, volta-se a enquadrar a parte homegênia (camiseta) por exemplo. Esse truque pode ser utilizado sempre que percebermos a câmera em dificuldade para focalizar uma determinada cena. Como opção, se a duração da cena for razoável, pode valer a pena travar o foco nesse momento, passando para manual.

Em locais com pouca iluminação o mesmo problema pode ocorrer. Neste caso, o melhor é desligar o foco automático e trabalhar com o manual.

Outra dica: geralmente a porção analisada não é toda a imagem vista no monitor e sim somente um retângulo central à mesma. Isso explica a dificuldade de se obter o foco ao enquadrar uma pessoa quase encostada em um dos cantos da imagem, tendo como fundo o céu azul por exemplo. O sensor não consegue obter contrastes no céu uniformemente azul. Deslocando-se a câmera em direção à pessoa, o foco será feito. A seguir, pode-se travá-lo (mudando-o para manual) e retornar ao enquadramento original.