o cinema empregou até hoje mais de uma centena de tipos de formatos diferentes (tamanho da área na película onde são registradas as imagens, combinado com existência ou não e tipos de perfurações, diferentes larguras físicas da película e outros muitos fatores). Desses, poucos permanecem em uso atualmente: os usos menos numerosos ficam com as películas especiais (como no processo IMax tradicional, não digital, por exemplo e em aplicações especiais, médicas e diversas outras) e algumas com certa representação, como o formato 16mm (denomina-se "bitola 16mm", referindo-se à largura física da película). Mas a bitola mais dominante no mercado, presente na quase totalidade das salas de exibição mundo afora é a bitola 35mm. Criada por Edson, o espaço útil para registro de imagens passou de 1,33:1 (proporção entre largura e altura) para 1,37:1 com a chegada do cinema sonoro e necessidades de acomodação da trilha de áudio (mono na época). Derivaram-se a partir daí os diversos formatos para cinema mencionados acima.

A fotografia possui também outra grande variedade de tamanhos e formatos e, da mesma forma, existe o formato dominante da era pré-digital, de bitola 35mm. Trata-se da mesma película utilizada no cinema, porém, em fotografia, desloca-se no sentido horizontal ao invés do sentido vertical presente na maioria dos equipamentos de cinema, como mostra a figura abaixo:

Com isso a área de um fotograma de cinema 35mm (sua maior área disponível, descontando pequenas variações decorrentes de espaço para som óptico, formatos em diferentes aspectos, etc..) é visivelmente menor do que a disponível para uma câmera fotográfica que utilize este tipo de filme.

Ocorre no entanto que, ainda assim, a área tradicionalmente destinada à formação das imagens nas câmeras de vídeo é muito menor do que essas 2 áreas das películas, como mostra o desenho abaixo:

Com isso tem-se questões ligadas à situações de grande profundidade de campo na maioria das imagens, uma estética oposta à utilizada comumente em cinema, onde a obtenção da pouca profundidade é muito frequente. É muito mais trabalhoso, quando não impossível em determinadas situações, obter-se pouca profundidade de campo com câmeras de vídeo semelhantes às conseguidas com facilidade em cinema e fotografia.

Para contornar a problema, em busca do chamado film look, algumas alternativas foram propostas ao longo do tempo. Uma delas foi o emprego de sensores (CCD / CMOS) bem maiores em câmeras de vídeo especiais, destinadas ao segmento de cinema digital, apto a arcar com os custos significativos dessas máquinas. Para o segmento semi-profissional e mesmo profissional de vídeo surgiram alternativas empregando adaptações externas às mesmas câmeras, com sensores tradicionais. Uma delas é o uso de adaptadores de lentes 35mm, que fazem com que a câmera registre a imagem projetada em um vidro fosco por uma lente (objetiva) destinada a formar imagens em áreas grandes, normalmente uma lente da área de cinema ou fotografia (captando assim a "imagem da imagem").

Do lado das câmeras fotográficas aconteceu processo semelhante, não em busca de características de profundidade de campo mas sim decorrentes da substituição película - sensor eletrônico. As câmeras fotográficas digitais empregavam no início sensores também pequenos, derivados das câmeras de vídeo. No entanto, com o tempo surgiram modelos com sensores de tamanho equivalente à da área do fotograma 35mm utilizado com as películas, possibilitando o uso das mesmas lentes, especialmente em câmeras denominadas DSLRs, que já utilizavam sensores de tamanho menor.

Quando essas câmeras passaram a oferecer como alternativa a gravação de pequenos segmentos de vídeo (do mesmo modo que existem câmeras de vídeo que também oferecem a opção de fotos), atraíram a atenção dos usuários de equipamentos de vídeo em busca da pouca profundidade de campo obtida com facilidade com esses sensores e das lentes disponíveis em grande quantidade no mercado.

Para diferenciar os dois grupos de sensores em câmeras fotográficas, passou-se a utilizar o termo full frame para indicar os que possuíam equivalência com o antigo fotograma 35mm. Este termo é empregado também em cinema tradicional de película com outro significado - para indicar o aproveitamento total da área disponível no fotograma (sem o uso de máscaras - ver widescreen).

Como visto acima, a área registrada é maior do que a maior área utilizada em cinema (que possui diversas variações dentro do mesmo formato 35mm, algumas com janelas mais largas, outras com janelas mais estreitas, mas todas menores, em área total, do que a área do fotograma still). No entanto este fato nunca é problema pois a imagem será reduzida em proporções gerais e cortada ("crop") na janela adequada do vídeo para a qual se destina, ou seja, parte-se de um original com maior resolução do que o necessário.

A área útil dentro de um fotograma still de 35mm é 24 x 36mm, sendo 24mm sua largura, menor do que a largura da película (35mm) devido ao espaço ocupado com as perfurações e 36mm sua largura:

Câmeras cujo sensor possui este tamanho são ditas câmeras com sensor full frame. Existem algumas pequenas variações, devido a restrições e características técnicas de diferentes fabricantes onde sensores com tamanho bem próximo (ex. 23,9 x 36mm) a este também são classificados como full frame.

A tecnologia CMOS foi quem possibilitou a construção de sensores maiores com quantidade muito grande de pixels, algo de difícil construção com a tecnologia CCD.

Além da menor profundidade de campo poder ser obtida com maior facilidade, sensores maiores trazem ainda outras características que os diferenciam dos menores, como a menor taxa de ruído na imagem, a maior sensibilidade e uma extensão de latitude maior, derivadas do fato de nesses sensores os pixels serem em tamanho maior. Uma analogia que pode ser feita é com os grãos de cristais de prata na película fotográfica, em termos de sensibilidade: quanto menores, menos luz captam, o que gera imagens com mais ruído produzidas por filmes de maior sensibilidade. No caso do sensor esta relação não aplica-se diretamente no caso do ruído, pois o que muda é o tamanho do sensor, contendo pixels maiores mas em maior quantidade. No caso da película os grãos são maiores mas em menor quantidade - a área do fotograma é sempre a mesma.

Entre os dois tamanhos de sensores (tradicionais de vídeo, pequenos e full frame) existe uma categoria intermediária no mundo da fotografia, os chamados "APS" (APS-C).