(key light ou frontal ou chave ou primária) em um sistema de iluminação de 3 pontos, é a luz mais importante das três, localizada à frente da pessoa a ser gravada. É ela que define a iluminação básica da cena. Normalmente é uma luz direta e concentrada (denominada luz dura ou hard), causando, individualmente (quando só ela é acesa) sombras pronunciadas sobre o rosto da pessoa. No entanto, pode também ser do tipo difusa, dispersa (denominada luz suave ou soft), que quase não causa sombras. A luz dura é obtida diretamente do refletor, enquanto que a luz suave é obtida com o emprego de dispositivos suavizadores como o difusor , colocado à frente do refletor, ou então o emprego de um soft box.

Em comparação com o Sol, pode-se dizer que sua luz em um dia ensolarado é uma luz dura, por criar sombras muito pronunciadas no rosto das pessoas. Uma fonte de luz pequena (ou então distante, como o Sol) sempre produz luz dura. Por outro lado, em um dia nublado, a fonte de iluminação causada pelo Sol torna-se extensa: seus raios são refletidos pelas nuvens que recobrem toda a área do céu, produzindo uma luz suave. Uma fonte de luz grande sempre produz luz suave.

O tipo de luz principal dura ou suave produzida pelo refletor é escolhido em função da atmosfera que se deseja dar ao personagem na cena. Enquanto a luz suavizada transmite sensações de calma e serenidade ao reduzir as linhas aparentes no rosto, a luz dura aumenta o tom dramático, ao reforçar a forma, textura e o relevo das expressões do rosto da pessoa gravada. Serve também para reforçar sua idade, uma vez que as rugas e imperfeições são destacadas. Exceto em situações onde se deseja transmitir um ar misterioso e dramático, a luz principal suavizada é geralmente a melhor e a mais agradável opção.

Dentre as três luzes (principal / preenchimento / contra-luz), a principal, independente de ser dura ou suave é sempre a luz mais potente. Olhando-se de cima, a luz principal normalmente é posicionada a 45 graus, ou à esquerda ou à direita da câmera, em relação ao ângulo formado pela linha imaginária que liga a pessoa à câmera e os braços da mesma abertos e estendidos para os lados, como mostra a figura abaixo:

Este ângulo é o chamado ângulo neutro, onde a luz principal não desempenha nenhum papel especial no controle da atmosfera transmitida pela imagem além do proporcionado pelos tipos hard / soft acima citados, sendo a posição mais segura para utilização em situações genéricas. Se for desejado no entanto um look mais dramático, este ângulo pode ser aumentado para até próximo de 90 graus, para a esquerda ou para a direita, conforme a localização do refletor. O rosto passará a ser cada vez mais iluminado de um dos lados do que do outro, dividindo a face em duas metades e destacando seu contorno e textura. Geralmente este tipo de posicionamento é utilizado em personagens homens: as sombras duras proporcionam uma aparência mais masculina do que as sombras suaves.

Se, por outro lado, for desejado um look mais suave, o ângulo de 45 graus pode ser diminuído para até próximo de 10 graus, para a esquerda ou a direita, conforme a localização do refletor. O mesmo estará então colocado bem ao lado da câmera, criando uma imagem chapada, quase sem sombras. Geralmente este tipo de posicionamento é utilizado em personagens mulheres: o rosto plano criado pelas sombras suaves e o reflexo nos olhos proporcionam uma aparência mais feminina. Fotógrafos de modelos costumam utilizar também este posicionamento da luz principal. A localização da luz principal à esquerda ou à direita depende do lado da pessoa que se deseja destacar.

A altura em que a luz deve ser posicionada também é importante: olhando-se a câmera de lado, a luz principal deve estar formando um ângulo de 45 graus em relação à câmera e o rosto da pessoa, como mostra a figura abaixo:

Este posicionamento elevado cria algumas sombras no rosto da pessoa, gerando com isso uma sensação de volume. A luz deve sempre ser direcionada para o rosto da pessoa e o ângulo de 45 graus tem a finalidade de evitar o ofuscamento de seus olhos (que ocorreria se o ângulo fosse menor) e ao mesmo tempo sombras escuras debaixo dos mesmos (que apareceriam se o ângulo fosse maior). Se a pessoa estiver usando óculos, provavelmente o ângulo de inclinação tenha que ser ligeiramente diminuído, para eliminar a sombra, localizada sobre os olhos da mesma, do aro superior das lentes do óculos. A altura em que está a câmera pode ser modificada neste caso, em busca da diminuição de reflexos sobre as lentes da mesma causados pelo vidro do óculos. Uma solução alternativa é levantar as hastes dos óculos na altura das orelhas - com isso as lentes inclinam-se ligeiramente para frente direcionando os reflexos para baixo, com a vantagem da modificação não ser aparente no vídeo. Afastar e elevar ligeiramente a luz principal é outra alternativa para ajudar a solucionar o problema.

Em setups de iluminação utilizados em vídeo ou cinema onde determinada cena se desenrola, é comum a escolha da luz principal simulando alguma luz primária existente normalmente no ambiente. Assim pode ser feito, por exemplo, com a luz de um abajour existente sobre uma mesa, em uma cena noturna gravada no interior de uma sala. A luz principal é colocada próxima ao abajour, a seu lado, sem ser no entanto visualizada pela câmera, simulando a iluminação que o abajour faria sobre o rosto da pessoa (estando este mais elevado do que o rosto da pessoa - arranjo fácil de se conseguir com um abajour de mesa - para aproximar-se do ângulo de 45 graus acima referido). O abajour, por seu lado, com uma lâmpada fraca acesa em seu interior, aparece na cena (é visto pela câmera), mas não toma parte no esquema de iluminação. Se a cena se desenrola de dia, em um escritório por exemplo, a luz principal pode ser a luz, simulada e/ou reforçada por um refletor, que provém de uma janela. Neste último caso, será necessário o uso de uma gelatina adequada sobre o refletor ou sobre a janela para uniformizar a temperatura de luz.

No exemplo do abajour, a luz principal está sendo posicionada em um ângulo de 90 graus (vista superior) situando-se bem ao lado da pessoa, estando a câmera à frente da mesma. Sua altura é um pouco maior do que a do rosto da pessoa. Se esta mesma luz for elevada bem acima da cabeça da pessoa e deslocada a seguir para frente, em direção à câmera, situando-se quase ao lado da mesma, passará a simular a luz de um lustre existente no teto da sala.

A luz principal também pode ser manipulada para criar a ilusão temporal, simulando o look por exemplo do amanhecer ou entardecer. Neste caso, uma gelatina laranja (do tipo CTO)é colocada sobre o refletor e este é posicionado em um ângulo baixo em relação à pessoa (25 graus acima da mesma, ao invés dos 45 graus utilizados normalmente). Este posicionamento baixo projetará sombras compridas sobre o cenário, simulando o que ocorre com o Sol nesses horários. Uma gelatina azulada (do tipo CTB) colocada sobre uma luz principal dura, projetada através de uma persiana por exemplo pode simular a luz da Lua.