(imagem de vídeo) a imagem de vídeo é formada através de uma sequência de linhas horizontais. Estas linhas são geradas por um dispositivo sensível à luz colocado dentro das câmeras. Antigamente este dispositivo era um tubo de imagem denominado vidicon; hoje é um chip denominado CCD. O resultado da leitura do CCD é um sinal analógico que pode, opcionalmente, ser digitalizado logo em seguida ou não, resultando nos formatos analógicos (VHS por exemplo) e digitais (MiniDV por exemplo).

As figuras abaixo mostram o sinal de vídeo para o padrão NTSC, como é desenhado na tela de um tubo de imagens (CRT):

A primeira das 3 figuras, à esquerda, mostra a formação das linhas ímpares e o segunda a formação das linhas pares. O sinal de vídeo trabalha com o processo de alternância tanto na leitura como na apresentação das linhas porque, quando foi patenteado pela RCA, em 1929, a camada de fósforo que recobria internamente o CRT possuía tempo de resposta muito lento (tempo para um determinado ponto da tela ficar luminoso e em seguida apagar-se) para trabalhar com um novo desenho de linha a intervalos muito curtos; este fato, associado a outras limitações técnicas época, como restrição na largura de banda (bandwidth) disponível para efetuar a transmissão do sinal até as residências levou à criação desse sistema, onde o desenho das linhas é dividido em duas etapas, linhas ímpares e linhas pares.

Na figura das linhas ímpares, a palavra "início" em azul mostra o ponto de partida da trajetória do canhão no desenho da imagem no tubo. Ao chegar ao término da primeira linha, o canhão tem que retornar seu feixe de elétrons para desenhar a segunda linha. Neste momento o feixe é desligado, enquanto o canhão retorna para iniciar o desenho da segunda linha, parte da trajetória denominada retrace horizontal, indicada na figura por uma linha pontilhada. A trajetória do desenho das linhas não é perfeitamente horizontal, como mostra a figura, sendo ligeiramente inclinada para baixo, ao contrário da trajetória do retrace horizontal. Na figura, para facilidade de comunicação a inclinação das linhas foi bastante exagerada. No tubo de imagem de um televisor comum a inclinação não é percebida devido ao ajuste do mesmo na estrutura do aparelho (inclinação contrária para compensar). A figura ilustra o que acontece em um tubo de imagem P&B; em um tubo colorido existem algumas diferenças como a presença de uma máscara de pontos coloridos e a existência de 3 canhões, mas a forma de desenhar as linhas é a mesma.

São desenhadas 262 linhas e meia (conforme a figura da esquerda); a última linha, de número 525, é desenhada somente até a metade. A linha verde na figura mostra o movimento de retrace vertical do canhão (com o feixe desligado) até atingir o topo novamente, porém desta vez no meio da imagem ("fim" em azul na figura). O conjunto todo destas linhas (incluindo os retraces) leva 1/60 seg. para ser desenhado e recebe o nome de campo. Neste caso, trata-se portanto do campo ímpar (odd field).

O sinal de vídeo possui, embutido dentro do mesmo, indicações para o canhão de que uma linha horizontal chegou ao fim ou de que um campo teve seu desenho completado. Estas informações, denominadas pulsos de sincronismo, permitem que os retraces sejam efetuados quando necessário.

A figura do meio mostra o desenho do campo par (even field), e a linha vermelha a trajetória do retrace vertical até a posição de início do campo ímpar. São desenhadas também 262 linhas e meia, sendo que a primeira linha tem início na metade da tela e não é contada na numeração das linhas: a primeira do campo par é a linha 2 ("L2" no desenho). A última linha deste campo é a de número 524. O processo todo também leva 1/60 seg. para ocorrer.

A soma dos dois campos, ilustrado na figura mais à direita recebe o nome de quadro, sendo portanto desenhado em 1/30 seg. (1/60 + 1/60). Em outras palavras, a cadência de apresentação das imagens (frame rate) é de 30 quadros por segundo (30qps). Ao término deste tempo todas as linhas foram desenhadas na tela e o processo reinicia-se novamente. Neste momento, as linhas do primeiro campo já estão-se tornando quase que totalmente apagadas (o fósforo vai perdendo luminosidade gradativamente). Com a criação do processo de alternância no desenho das linhas foi possível atender as limitações de banda da época e ao mesmo tempo obter-se uma boa resolução na imagem. Daí originou-se o nome interlaced para este tipo de sinal: o desenho das linhas é entrelaçado, ou seja, ímpares / pares / ímpares e assim por diante.

Nem todas as 525 linhas disponíveis no sistema NTSC no entanto são visíveis na tela. Das 262 linhas e meia de cada campo, as últimas 21 linhas são sempre reservadas para armazenar diversas informações de controle do próprio sinal e outras mais. Assim, tem-se um total de 483 linhas visíveis, 241 linhas e meia em cada campo (241,5 + 21 = 262,5 para cada campo):

As 9 primeiras linhas do conjunto de 21 armazenam, entre outras informações, os pulsos de sincronismo vertical (V-Sync) e sinais de equalização. As 12 demais linhas podem ser utilizadas para o armazenamento de diversas informações, como por exemplo close caption e Timecode do tipo VITC (Vertical Interval Timecode). São essas linhas não visíveis, sem imagem, que formam a faixa preta que pode ser vista quando o ajuste vertical do monitor está fora da posição correta, como mostra a figura abaixo:

Em monitores de vídeo é possível visualizar estas 12 últimas linhas através do acionamento de um botão denominado underscan. Em aparelhos de TVs comuns, não só as 21 linhas como algumas a mais são escondidas pela máscara que forma a estrutura do aparelho. Devido à persistência de imagens na retina, o olho humano não percebe somente 241 linhas e meia na imagem (quando um campo está sendo desenhado o anterior já está-se apagando) mas sim as 483. Com isso é possível manter-se uma resolução vertical aparente de 483 linhas que na realidade é de somente 241 linhas.

Os sinais analógicos de vídeo podem ser digitalizados e convertidos para um formato digital de vídeo, como o DV por exemplo. No formato NTSC DV são desconsideradas 1 linha e meia de cada campo do formato NTSC analógico, resultando em um total de 480 linhas ao invés de 483. As diversas informações de controle existentes nas 21 linhas não mostradas são mantidas, sendo codificadas e digitalizadas de modo que os equipamentos que tratam este tipo de sinal digital as entendam. O inverso também pode ocorrer, quando um sinal digital é convertido para analógico: neste caso as informações de controle são reconstruídas para entendimento dos equipamentos que tratam sinais analógicos. Os sistemas PAL e SECAM funcionam de forma semelhante, porém com número diferente de linhas em cada quadro.

Para facilidade de comunicação, a frequência de apresentação dos quadros no sistema NTSC é considerada como sendo de 30 quadros por segundo. No entanto o frame rate preciso é 29,97 e não 30.