em um processo de edição, é necessário trazer os dados (imagem + som) para dentro do computador, ou seja, capturar estas informações e gravá-las em seu disco rígido (HD, Hard Disk) ou SSD (Solid State Disc). Uma vez gravado no micro, o vídeo pode então ser editado. Existe também a possibilidade de se fazer a edição básica na própria câmera, quando o equipamento permite isso.

Quando o computador passou a ser utilizado em edição, os conteúdos (sinais) a serem trabalhados eram do tipo analógico, não digitais. Atualmente todo conteúdo é digital, desde a gravação feita pela câmera.

Como o computador trabalha com arquivos digitais, basta fazer a captura do mesmo. Quando formatos analógicos estavam em uso, era necessário, antes de se fazer a captura, convertê-los para o tipo digital (ou seja, digitalizá-los). Assim, o processo de transferência das imagens para o computador geralmente envolvia uma tarefa opcional de conversão de tipos (analógico/digital), além da tarefa básica de captura (onde os sinais são levados até o HD). O conteúdo original podia estar, além de na câmera, também gravado em fita, em um videocassete - eram, na época, as duas formas mais utilizadas de se registrar imagem e som:

Estes processos eram na maioria dos casos efetuados através de uma placa (circuito impresso) instalada no computador, denominada placa de captura. Hoje em dia no entanto o processo de recepção de imagens para edição é muito mais prático, bastando em muitos casos, conectar ao computador um cabo levando o sinal a partir da própria câmera, de um cartão gravado por ela ou de um dispositivo de gravação externo (com HD ou SSD). A placa de captura, que muitas vezes fazia também o papel de processamento auxiliar nas tarefas de edição, passou a atuar somente nesta última etapa, passando a ser denominada simplesmente placa de edição e a ser instalada em estações de trabalho mais potentes, do tipo desktop.

O formato dominante nessa época no segmento semi-profissional era o DV DV e a conexão utilizada era o cabo FireWire no micro.

Uma vez estabelecida a forma de se fazer a captura das imagens para o computador, entra em cena o software de edição. Alguns softwares se integram com a placa de captura e edição, outros não. No primeiro caso, esta integração significa que algumas funções da edição são efetuadas somente pela placa (hardware), outras pela placa em conjunto com o software e outras somente pelo software. É comum neste caso o conjunto de efeitos e transições disponibilizados pelo software ser acrescido de efeitos existentes somente na placa. Algumas placas deste tipo auxiliam o hardware do micro em tarefas complexas de edição.

No segundo caso (software sem integração com a placa) estas características não existem e a única função efetuada pela placa é a de captura - caso atualmente em desuso, conforme acima.

Programas de edição normalmente podem ser configurados antes do seu primeiro uso: telas de configuração permitem a informação de diversos parâmetros de modo a ajustar as diversas opções do programa com as características da placa e do equipamento a ela ligado. Assim, por exemplo, são informados nessas telas o tipo de padrão do sistema de vídeo (NTSC, PAL p.ex.) a ser utilizado, o formato do áudio (32 ou 48Khz p.ex.), o frame size (720 x 480 pixels p.ex.) e outros. A seguir, é possível iniciar a captura do vídeo para o HD, comandada através do programa de edição.

Janelas específicas do programa permitem a informação de diversos parâmetros que vão influir na captura. Assim por exemplo, podem ser alterados, entre outros, o nome do arquivo dentro do micro onde os dados serão gravados, a opção de captura simultânea ou não do áudio, o frame rate e o frame size (frame size) a ser utilizado, o color depth empregado e o tipo de field dominance . No entanto, a maioria destes parâmetros possui valores default que muitas vezes não necessitam ser alterados. A figura abaixo mostra um trecho da tela de captura Movie Capture do software de edição Adobe Premiere:

Quando o vídeo capturado é normalmente é convertido diretamente para um arquivo com extensão “.avi”.

Arquivos “.avi “ podem ser gerados com vários níveis de compressão (que normalmente também é um dos parâmetros ajustáveis na tela de captura). Se não for utilizada nenhuma compressão, o vídeo manterá sua qualidade original. Formatos digitais já possuem um certo nível de compressão, efetuada durante sua geração ainda dentro da câmera; assim, são simplesmente transferidos para dentro micro, sendo criado o arquivo “.avi” diretamente a partir do sinal armazenado na fita ou cartão. Se for utilizada compressão adicional, a qualidade do vídeo cairá; no entanto, o espaço ocupado pelo mesmo será menor: o objetivo da compressão é diminuir o tamanho do arquivo gerado.

Arquivos do tipo “ .avi “ não são iguais nem necessariamente compatíveis entre si. Um dos parâmetros ajustáveis na configuração da captura informa qual o formato do arquivo “ .avi “ a ser gerado: quando o software de edição é do tipo que se integra à placa, será gerado um arquivo específico com características desta placa. Assim por exemplo, pode ser gerado um arquivo do tipo “avi Matrox” para uma placa do fabricante Matrox ou um arquivo do tipo “avi Pinnacle” para uma placa do fabricante Pinnacle. Quando o software de edição é independente da placa, algumas escolhas do formato do arquivo também podem ser feitas, como por exemplo tipo “Microsoft” ou tipo “Quicktime”, gerando também neste caso arquivos “avi Microsoft” ou “avi Quicktime”.

No entanto, a utilidade principal de um arquivo “.avi” é somente o processo de edição dentro do micro: ao término deste, o arquivo “.avi” com o vídeo final editado será convertido em um arquivo diferente na saída, conforme seu destino final (tipo de disco por exemplo, onde é gravado). Assim, desde que se trabalhe sempre com o mesmo tipo de “.avi” durante o processo todo, a incompatibilidade acima descrita não acarreta nenhum problema.

Em relação à duração e localização das cenas, o vídeo pode ser capturado de diferentes maneiras e um dos fatores que influem nisso é o tipo de conexão entre a câmera e o micro. Quando a câmera é conectada ao micro através de um cabo, este cabo pode transmitir, além do som e imagem, comandos de controle do micro para a câmera. E, no sentido inverso, também o status de operação da câmera para o micro. Neste caso, o acionamento do botão de início de captura no programa aciona automaticamente a câmera colocando-a no modo PLAY. Procedimentos semelhantes são adotados ao término do trecho a ser capturado, interrompendo automaticamente o PLAY.

Hoje em dia este processo tornou-se bem mais prático: o cartão da câmera é conectado diretamente na câmera, ou conteúdo é enviado via cabo diretamente de um HD externo por exemplo.

A conexão com o micro permite o uso de formas mais elaboradas e precisas de indicação dos trechos a serem capturados, aproveitando-se do Timecode registrado automaticamente pela câmera no cartão. Assim, é informado ao programa o Timecode do ponto de início da captura e o Timecode do final (ou então a duração a partir do início). Ainda outra forma de captura, também funcionando com a conexão digital é a denominada batch capture : aqui digita-se em uma tela específica do programa uma lista de intervalos de Timecode a serem capturados. Esta lista pode ser montada assistindo-se previamente o conteúdo do vídeo com a informação do Timecode mostrada na tela do monitor e anotando-se os pontos de in e out desejados para cada intervalo a ser capturado. Com essa lista digitada, o acionamento de um botão específico do programa faz automaticamente a captura de todos os trechos, um a um, promovendo o avanço rápido do conteúdo (Fast Forward) na câmera (se for fita digital) quando necessário, até atingir o início do trecho seguinte - tempo inexistente se a câmera utiliza cartão.

A figura abaixo mostra um trecho da tela Movie Capture do software de edição Adobe Premiere, podendo-se ver o local onde os Timecodes de in e out são digitados; a tela pode ser usada tanto para captura imediata (sem informar os Timecodes e ao invés disso pressionar o botão de início e fim de captura) como para captura via Timecode de in e out:

A figura abaixo mostra um trecho da tela Batch Capture do software de edição Adobe Premiere, podendo-se ver a lista de Timecodes digitados com os trechos a serem capturados:

Processos antigos de edição, utilizando fitas DV, exigiam, para permitir o batch capture que a fita estivesse com o Timecode gravado em toda a extensão abrangida pela lista, sequencialmente, sem interrupções (formatos DV geralmente reiniciam a numeração do Timecode se espaços vazios são deixados sem gravação na fita virgem). Alguns programas permitem armazenar no micro (salvar) a lista com os Timecodes mostrada acima. Ainda nesses equipamentos que utilizavam fita, o programa efetuava automaticamente o preroll necessário.

Ao término da fase de captura, o vídeo está pronto para ser editado no computador.