(proscan, escaneamento progressivo da imagem) processo alternativo de leitura (scan) das linhas no CCD da câmera, onde o mesmo é lido linha a linha, de alto a baixo, ao invés de serem lidas somente as linhas pares ou somente as linhas ímpares alternadamente.

No modo tradicional de leitura do CCD, interlaced, no tempo de 1/60 seg. são formadas as linhas pares. Após este tempo, a leitura e o processo de formação de linhas se reinicia a partir do topo do CCD, agora para as linhas ímpares, também durante 1/60 seg. Em ambas as fases sempre duas linhas são lidas (Dual-Row Readout) e somadas, resultando na formação de uma única linha (Row-Pair Summation).

No modo progressive scan, as linhas pares são lidas juntamente com as ímpares (sem ser utilizado Dual-Row Readout) o que significa que o CCD é lido uniformemente de alto a baixo e que todas as linhas individualmente são consideradas para a formação da imagem (não existe soma de linhas). No modo tradicional, o tempo gasto para montar somente um dos tipos de linhas (só pares ou só ímpares, utilizando Row-Pair Summation) é de 1/60 seg.. No progressive (onde não existe Row-Pair Summation) o tempo gasto para montar 1 linha qualquer (par ou ímpar) é o mesmo gasto no modo tradicional para montar também uma linha qualquer (par ou ímpar), só que neste último 2 linhas subsequentes são lidas e somadas ao mesmo tempo. A diferença é que enquanto o modo tradicional gasta 1/60 seg. montando só linhas pares e depois mais 1/60 seg. montando só ímpares, o progressive monta todas as linhas uma após a outra, ou seja, em 1/60 monta só metade do quadro. E os dois modos terão montado um quadro completo em 1/30 seg.

Como todos os pixels do CCD são aproveitados na montagem das linhas (não há Dual-Row Readout), a resolução vertical da imagem é maior do que a correspondente no modo interlaced. Por outro lado a sensibilidade deixa de ser ampliada, pois não existe Row-Pair Summation (que soma a luminosidade dos pixels da linha de cima com a dos pixels da linha de baixo) - em certas câmeras é possível perceber um escurecimento da imagem quando as condições do ambiente são de pouca luz e muda-se o modo de gravação de interlace para progressive.

Além do tempo padrão de 1/30seg.(30 qps - quadros por segundo), existem câmeras com modo progressive funcionando em 1/24seg (24 qps, descrito mais adiante) e também em 1/60 seg (60 qps, utilizado em HDTV). A figura abaixo mostra o processo interlace em comparação com o progressive (modo 1/30seg.), para uma câmera com 3 CCDs:

O desenho mostra o processo Row-Pair Summation (interlaced) utilizado em cada um dos CCDs: no CCD correspondente ao vermelho por exemplo, as linhas 1 e 2 são somadas gerando a linha 1R (Red). No correspondente ao verde, 1G (Green) e assim por diante. A seguir, as linhas 1 de cada CCD são somadas: 1R + 1G + 1B resultando na linha 1 final (LIN 1 no desenho). Depois as linhas 3, depois as 5 e assim por diante até completarem-se todas as ímpares, em um processo que dura 1/60 seg.. A seguir, nos próximos 1/60seg, o mesmo ocorre para as linhas pares, completando o tempo total de 1/30seg.. E mostra que no processo progressive nada disto é utilizado: todas as linhas são aproveitadas individualmente, uma a uma, captadas em 1/30seg.

A imagem capturada desta forma no CCD, por não conter campos par / ímpar não é conforme com padrão de sinal NTSC. Para gravá-la na fita, algumas técnicas são utilizadas. Em uma delas, utilizada em formatos HDTV, são utilizados CCDs com 720 linhas (ao invés de 480) e o tempo de captura é 1/60seg (ao invés de 1/30 seg.). A cada 1/60 seg. todas as linhas são descarregadas diretamente na fita, gerando 60 qps de 720 linhas. Existem formatos HDTV que geram quadros de 1080 linhas (utlilizando CCDs de 1080 linhas).

Em formatos tradicionais (não HDTV) no entanto, um truque precisa ser utilizado para gravar estas imagens progressive na fita no modo interlaced NTSC. O quadro com todas as linhas (que foi montado em 1/30 seg., ou seja, 1/60seg - pares + 1/60seg. - ímpares) é armazenado em um buffer de memória. A seguir este buffer é descarregado da seguinte forma: em 1/60 seg. são descarregadas uma a uma as linhas pares e nos próximos 1/60 seg. as ímpares. Com isto, o sinal armazenado na fita na câmera continua sendo interlaced (alternância de campos pares e ímpares), porque este é o padrão NTSC, assim a câmera deve gerar um sinal que seja compliance com o mesmo. A vantagem é que a imagem final, interlaced, fica livre dos artefatos do tipo combing. A figura abaixo mostra como o sinal gerado (interlaced) carrega as imagens gravadas em progressive:

Em algumas câmeras a captura no modo progressive é feita a 15fps: neste caso, em 1/30 seg. é capturada uma imagem completa (como descrito acima) e nos próximos 1/30 seg. nenhuma imagem nova é capturada e assim por diante. Na saída, o buffer é descarregado 2 vezes repetidas. Este processo foi implementado pela Sony em suas câmeras do segmento semi-profissional com função progressive: o vídeo gravado desta maneira, ao ser reproduzido, mostra um acentuado efeito strobe para imagens em movimento. Nestas câmeras a função progressive é voltada para captura de imagens estáticas (JPEG) a partir do vídeo gravado na fita.

Mas se o sinal final gerado pela câmera é interlaced, qual a vantagem do modo progressive scan? A vantagem está na diferença de tempo na captura das linhas da imagem: no modo interlace, entre uma linha a a seguinte existe uma diferença de 1/60 seg. no momento em que ocorre a captura. No modo progressive, este tempo é praticamente desprezível (tempo que apenas uma linha leva para ser lida).

Isto é percebido em imagens que contenham movimento: aqui está o segundo ganho do proscan, além do aumento de resolução vertical acima citado. Quando o vídeo gravado na fita é reproduzido (lembrar que na fita o sinal é interlaced) e uma determinada imagem é "congelada" na tela do monitor (tecla pause), situação de onde também são extraídos os stills para geração de fotos digitais, são mostrados ao mesmo tempo os 2 campos, par e ímpar, constantemente repetidos enquanto durar o "congelamento".

Para imagens estáticas (câmera em um tripé focalizando um quadro na parede por exemplo) não há diferença se o modo utilizado na gravação foi interlaced ou progressive scan. No entanto, para imagens em movimento (um bonde atravessando a rua por exemplo) ocorrerá aumento visível de qualidade na imagem obtida se o modo utilizado na gravação foi progressive scan. A figura abaixo ilustra um trecho ampliado de imagem interlaced (direita) e progressive (esquerda), permitindo observar o efeito do movimento no contorno do bonde em movimento - as linhas foram propositadamente ampliadas na imagem da direita (formando faixas) para melhor facilidade de visualização. Este efeito, denominado combing, é um dos tipos de scanning artifacts que afeta imagens deste tipo.

A diferença de tempo no registro dos campos é significativa: enquanto que no modo interlace um ponto qualquer da imagem em movimento horizontal que ocupe duas linhas adjacentes no CCD é captado com uma diferença de 1/30 seg. entre uma linha e outra, no progressive essa diferença é da ordem de 1/15.000 seg (tempo de 1/30 seg. para serem lidas as 525 linhas que compõem o quadro, logo cada linha leva 1/15.750 seg. para ser lida, que é o tempo entre a leitura de uma das partes do ponto na linha superior e a leitura da segunda parte do ponto na linha inferior).

Por este motivo, a função progressive scan é bastante útil em câmeras de vídeo que possuem opção de gerar imagens estáticas (fotos, geralmente no formato JPEG) a partir do conteúdo gravado na fita.

Em algumas câmeras é possível capturar imagens não-interlaced de qualidade razoável sem o uso do modo progressive nem do modo frame mode. Isto ocorre com velocidades mais baixas de obturador do que a normal (1/60seg), onde, após a leitura dos CCDs (interlaced, com Row-Pair Summation), é utilizado um processo chamado field-doubling, que duplica (repete) as mesmas linhas de um campo para formar o outro. Com este processo, diminui bastante a resolução vertical da imagem, porém este fato é geralmente pouco perceptível para imagens captadas à distância que contenham poucos detalhes verticais observáveis.

Em outras câmeras existe o modo progressive, porém utilizado somente na captura de fotos (stills), não vídeo: neste caso, ao ser acionada esta função (normalmente através de um botão análogo ao disparador de câmera fotográfica) apenas uma leitura do CCD (1 quadro) é efetuada no modo progressive sendo este quadro gravado na fita (imagem congelada) durante alguns segundos, utilizando o processo progressive / NTSC acima descrito. Este modo pode ser chamado progressive still.

O uso da função progressive scan (vídeo, não still) acarreta uma consequência: um ligeiro aspecto strobe, percebido em pessoas/objetos em movimento na imagem. Se, por um lado, os contornos da pessoa/objeto são mais definidos (a diferença de tempo no registro das linhas adjacentes é muito mais baixa, conforme citado acima) por outro lado cada trecho da imagem é novamente registrado somente após 1/30 seg. (no modo interlace, pedaços alternados - linhas pares/ímpares - da imagem são registrados a cada 1/60 seg. , o que confere um melhor aspecto de continuidade e fluidez ao movimento). Esse aspecto strobe também é verificado no cinema (daí também ser chamado de film ou cinematic look), onde a velocidade utilizada, 1/24 seg. é próxima de 1/30 seg., claramente visível por exemplo em panorâmicas efetuadas com a câmera.

O uso de câmeras de vídeo no formato PAL com captação em progressive scan faz com que o estilo das imagens gravadas no vídeo aproxime-se ainda mais do estilo obtido em cinema, isto porque neste formato os tempos são 1/50 seg. e 1/25 seg. (ao invés de 1/60 seg. e 1/30 seg.). Por isso esta opção tem sido utilizada por alguns cineastas. Existem no entanto atualmente câmeras de vídeo que fazem opcionalmente a captação a 24 quadros por segundo, no modo progressivo (1/24 seg. para cada quadro completo). São as câmeras digitais voltadas para cinema.

Estas câmeras geram diferentes tipos de sinais. No segmento semi-profissional, câmeras desenvolvidas pela Panasonic com esta função efetuam a transferência do sinal captado nos CCDs para uma fita Mini-DV (o que acarreta compressão do sinal na fase de digitalização), no formato NTSC interlaced, utilizando o mesmo processo usado em telecine (transfer film to tape), onde 24 quadros/seg são transformados em 30 quadros/seg. com a repetição de determinados quadros em intervalos pré-estabelecidos. Na fase de edição, os quadros completos gravados pela câmera em progressive (agora transformados em interlaced na fita) podem ser recuperados (descartando-se os quadros repetidos inseridos) e opcionalmente transferidos para película cinematográfica (blow-up).

No segmento profissional, câmeras também topo de linha gravam os sinais digitalizados a partir dos CCDs, sem compressão, diretamente em HDs de servidores de alta capacidade ou em fitas no formato D6 (portanto estas câmeras não são do tipo camcorder) para posterior transferência para película cinematográfica. Ao contrário do processo em Mini-DV, aqui a qualidade é equiparável à da película cinematográfica. Câmeras deste tipo geram sinal sem compressão (4:4:4) e sem qualquer tipo de filtragem, correção de gama, matiz, etc..., exatamente como ocorre em uma câmera cinematográfica de 35 mm. Neste caso, o diretor de fotografia preocupa-se só com os enquadramentos: os demais ajustes são efetuados na pós-produção.

Existe um modo de captação de imagens intermediário entre o interlaced e o progressive: Frame Movie mode.

O modo progressive scan, além de utilizado na captação de imagens, passou também a existir como opção na etapa de apresentação das mesmas.