entre os vários modos de editar (arranjar cenas e modificar e/ou acrescentar efeitos e transições) um vídeo em um microcomputador (edição-não-linear), a timeline permite organizar linearmente o vídeo em busca de sua configuração final. Na edição-linear (feita com equipamentos analógicos), o vídeo final também é montado linearmente na fita de saída. Porém na edição-não-linear, a qualquer momento cenas podem ser mudadas de lugar: este rearranjo só é possível devido ao acesso aleatório às mesmas possibilitado pelo micro, inexistente na edição linear e é esta característica que difere um processo de outro.

A operação mais simples em uma edição é o corte: dentro de uma cena com duração "x", é selecionado um trecho com duração "y". Este trecho pode estar no início, no meio ou no fim da cena original:

Os trechos resultantes (novas cenas, como A e B no desenho acima) podem então ser rearranjados ou excluídos, utilizando os comandos de clicar e arrastar do mouse e os modos cut and paste e copy and paste, entre outros.

O vídeo é uma sequência de quadros (30 por segundo, no sistema NTSC). Para representar as cenas, como em A e B no desenho acima, conforme o programa de edição, a timeline permite várias formas de apresentação das mesmas. Em alguns programas, como no Final Cut da Apple, no Edition da Pinnacle, no Adobe Premiere e outros, a imagem de cada um dos quadros pode ser mostrada uma após a outra na sequência, na timeline, ou então pode ser escolhida uma visualização mais condensada. Neste caso cada quadro exibido passa a representar um intervalo de tempo, sendo escolhido o primeiro quadro do trecho para visualização, como exemplificado no desenho abaixo:

A exibição pode ser alternada nestes softwares, a qualquer momento durante a edição, por uma exibição "mais fechada" ou "mais aberta", facilitando a visualização do processo como um todo dentro da timeline. Um cursor pode ser deslocado manualmente (clicar e arrastar) sobre qualquer ponto da timeline e o quadro correspondente à posição onde o mesmo se encontra é mostrado em uma janela na tela (geralmente denominada monitor). A partir do ponto onde está o cursor pode ser efetuada a reprodução do vídeo como encontra-se arranjado no momento na timeline, dentro da janela monitor. O desenho abaixo mostra o funcionamento do cursor e a exibição da imagem na janela monitor do programa:

Em outros programas, como no Studio 8 da Pinnacle por exemplo, somente o primeiro quadro de cada cena é mostrado na timeline, ilustrando um retângulo que representa a duração completa da cena. No entanto, através do deslocamento de um cursor é também possível visualizar quadro a quadro o que acontece dentro da cena. Neste caso as cenas podem ser criadas através de cortes efetuados na timeline: o vídeo inteiro inicialmente se compõe de uma única cena e novas cenas separadas são criadas a partir de subdivisões desta.

Alguns programas de edição apresentam também como opção uma função denominada automatic scene detection, através da qual o software analisa o vídeo capturado e o divide em diversas cenas, conforme alterações bruscas detectadas na imagem. O desenho a seguir mostra um exemplo de timeline onde somente o primeiro quadro de cada cena é mostrado, o Studio8 da Pinnacle:

A sequência linear de cenas dentro da timeline é denominada trilha.

A maioria dos softwares permite a montagem de mais de uma trilha simultaneamente, possibilitando o trabalho no modo A/B editing, além do modo single-track editing. Em vários programas, um número grande de trilhas pode ser criado.

O áudio é montado na timeline da mesma forma que o vídeo, com sua trilha independente da trilha de imagem. Também conforme o programa, várias trilhas de áudio podem ser inseridas na timeline. No entanto, ao contrário do que ocorre com trilhas de vídeo sobrepostas (onde uma delas - por exemplo a que está acima - sempre predomina), as trilhas de áudio sobrepostas tem seus sons sempre somados uns aos outros. Assim como o vídeo, também o áudio pode ser editado: efeitos podem ser acrescentados e o som aumentado ou diminuído. Diversas trilhas sonoras podem ser mixadas (reunidas) e o som trabalhado através de um mixer virtual, na maioria das vezes embutido no próprio programa de edição. A figura abaixo mostra um trecho de 2 trilhas de áudio do software Adobe Premiere, onde o volume do som da trilha de cima vai abaixando gradativamente enquanto que o da trilha de baixo vai aumentando, em um exemplo onde a trilha de cima pode ser uma narração e a de baixo uma música, em um efeito denominado cross fader:

As linhas vermelhas representam o volume do áudio de cada trilha e os nós (pequenos quadradinhos sobre as linhas) pontos através dos quais é possível clicar e arrastar as linhas para cima ou para baixo, ajustando assim o volume.

Quando a trilha de vídeo é expandida ("aberta", para melhor visualização, mostrando mais quadros) também o mesmo ocorre com a trilha de áudio associada a ela, o que permite por exemplo sincronizar o início de determinadas cenas do vídeo com a 'batida' (ritmo) de uma música observando seu formato. A figura abaixo mostra uma trilha de áudio expandida, permitindo perceber visualmente o ritmo da música:

Arquivos de som, como os provenientes de CDs ou os do tipo wave e mp3 por exemplo podem ser trazidos para o micro e usados nas trilhas de áudio.

Embora diferentes programas façam diferentes implementações do conceito de timeline, seu formato básico e funcionamento é semelhante. A figura abaixo mostra trechos de timeline dos programas de edição Adobe Premiere, Final Cut da Apple e Edition da Pinnacle:

O formato tradicional da timeline, como utilizado na maioria dos programas de edição, encontra algumas variações, como no programa de edição HyperEngine-AV, da Arboretum Systems, para plataforma Mac. Aqui são eliminadas as trilhas e os diversos trechos de vídeo, áudio, fotos e textos (títulos p.ex.) podem ser dispostos e rearranjados livremente em uma grande área denominada workspace. O clicar e arrastar dos diversos trechos lembra a movimentação livre dos ímãs de geladeira. Trechos sobrepostos verticalmente (um em cima do outro) são sobrepostos na imagem final, da mesma forma que ocorre na timeline tradicional. Uma função snap-to-grid permite alinhar os trechos dentro de uma grade imaginária. A figura abaixo mostra um trecho da timeline do HyperEngine-AV:

A maioria dos programas de edição permite a criação de títulos a serem acrescentados às cenas. Para isso, costumam dispor de um titulador embutido no programa, com diversas opções de estilos e tamanho de fontes, cores e aspectos de apresentação. Softwares específicos para títulos podem ser adquiridos (plug-ins), aumentando as possibilidades de escolha, como o TitleDeko da Pinnacle. Outra opção é a criação dos títulos em programas externos, como o Adobe Photoshop. Neste caso, imagens geralmente criadas com o formato alpha channel podem ser trazidas (importadas) para o programa de edição a fim de se sobreporem às cenas escolhidas.

Além das operações básicas de corte, muitas outras podem ser efetuadas na timeline, como por exemplo a fusão de imagens, a rolagem vertical e horizontal de títulos (como os créditos ao final de um filme), o vídeo reverso (de trás para diante), a câmera lenta, o congelamento, o controle dos níveis (fade) do áudio, etc... Também outros trechos de vídeos podem ser importados de arquivos existentes no micro e acrescentados à timeline, assim imagens em vários tipos de formatos (bmp, jpeg, tga, tif, etc...).