o fator mais importante no fundo utilizado no processo de keying de imagens é a uniformidade do mesmo. Se o processo for o cromakey, que consiste em tornar transparente uma determinada tonalidade de cor, é preciso que esta tonalidade esteja uniformemente presente no fundo. Existem à venda tecidos especialmente fabricados para trabalhos em cromakey, onde a coloração segue um padrão uniforme em uma das cores padrão verde, azul ou vermelho. Para maior precisão no efeito, a tonalidade dessas cores é escolhida com base em valores das cores puras no sistema de cor RGB, ou seja, as cores primárias. Existem também papéis e tecidos para fundos de cromakey, assim como tintas especiais, com tonalidades brilhantes e saturadas dessas cores. Se o processo for o lumakey a cor escolhida é geralmente o preto (podendo também se o branco) e da mesma maneira é importante sua uniformidade. O papel ou tecido deve estar uniformemente esticado, sem vincos ou deformidades aparentes. E a superfície a ser pintada também deve ser plana e uniforme.

Mas a constituição da superfície é somente parte do processo: a mesma deve ser, como visto acima, uniformemente iluminada. Normalmente os softwares de composição ao efetuarem o keying utilizam um intervalo muito pequeno de variação na tonalidade da cor escolhida. Assim, para o efeito ser preciso, é necessário evitar variações de tonalidade ao longo da superfície toda do fundo, o que se consegue com iluminação adequada. Não são permitidas áreas de sombra ou com iluminação diferente em relação à outras áreas. Existem por outro lado ferramentas sofisticadas de composição empregadas no segmento profissional, que conseguem compensar ligeiras variações de luminosidade no fundo, permitindo uma maior proximidade da pessoa recortada em relação ao fundo, chegando até mesmo a possibilitar que a mesma toque a tela de cromakey (homem / mulher do tempo apontando um local no mapa por exemplo, que pode ser projetado na própria tela de cromakey com recursos especiais). No entanto, para os demais programas a regra deve ser sempre a separação física entre o primeiro plano e o fundo.

Como geralmente o que se tem em primeiro plano (objeto / pessoa a serem recortados) também recebe sua própria iluminação, algumas considerações devem ser feitas. Em primeiro lugar, a luz que ilumina o primeiro plano não pode atingir o fundo, sob pena de alterar a uniformidade de sua iluminação. Para que isso ocorra, esta luz deve ser focada apenas no objeto / pessoa a serem recortados, o que se consegue com o auxílio de flags e barndoors instalados nos refletores. Isso também evitará, em parte, que a sombra desse objeto / pessoa seja projetada no fundo. Para facilitar pode-se desligar completamente a iluminação do fundo enquanto são feitos os ajustes nas luzes do primeiro plano, observando sempre se alguma parte dessas luzes atingem o fundo.

Como providência complementar para que a sombra dos mesmos não apareça sobre o fundo, é fundamental manter uma boa distância deles até o fundo (1,2m no mínimo). Esta providência também evitará um outro problema: diminuirá bastante a intensidade da luz refletida pelo próprio fundo sobre o primeiro plano. Quando o fundo é iluminado, a câmera o "enxerga" porque ele reflete a luz que o atinge e a emite na direção das lentes da câmera. Desta forma, ela também atinge, por trás, a pessoa ou objeto que estão sendo recortados. Quando isso acontece, forma-se o que se chama de halo em volta do contorno do primeiro plano, fazendo com que trechos desse contorno desapareçam. Para diminuir ao máximo essa possibilidade é que o primeiro plano deve estar longe do fundo. Em segundo lugar, como o objeto / pessoa em primeiro plano vão ficar distantes do fundo, este deve ter dimensão considerável, suficiente para ocupar todo o quadro no visor da câmera e ainda possuir uma margem de segurança em todos os lados.

Para iluminar o fundo não devem ser empregados refletores que emitam facho de luz concentrada. Como a superfície deve ser iluminada da forma mais uniforme possível, devem ser empregados refletores com suavização no facho de luz (com o auxílio de gelatinas translúcidas por exemplo, ou soft boxes).

A chave para o efeito funcionar, como visto, é a iluminação separada do fundo e primeiro plano, como mostra o desenho abaixo:

O esquema mostra duas fontes de luz suavizada que iluminam o fundo, uma de cada lado do mesmo. À sua frente situa-se distanciada do fundo uma pessoa que fala para a câmera. Esta pessoa é iluminada por uma luz principal à direita e uma luz de preenchimento à esquerda. Este esquema permite que a sombra da pessoa não seja projetada na tela ao fundo, além de possibilitar a modelagem da pessoa em primeiro plano com as luzes principal e preenchimento.

Atrás e suspenso acima da cabeça da pessoa (portanto fora do ângulo de visão da câmera) encontra-se uma luz do tipo contra-luz, que serve para iluminá-la por trás e assim destacá-la do fundo. A contra-luz tem como finalidade aumentar o contraste entre a pessoa e o fundo, iluminando por trás suas roupas e cabelo para facilitar a separação com o fundo. Sendo uma luz mais intensa do que a que é refletida pelo próprio fundo por trás do primeiro plano, suplanta-a eliminando seu efeito nocivo (o de fazer com que os contornos da pessoa / objeto em primeiro plano desapareçam). Deve-se também cuidar, com o emprego de barndoors, para que partes da mesma não atinjam a superfície do fundo, colocado logo atrás. Gelatinas de cor âmbar produzem efeitos interessantes nessa luz.

Este é um dos esquemas mais tradicionais de iluminação para keying, mas não o único. Outra opção abandona o conceito de refletores independentes para o fundo e o primeiro plano, adotando refletores que iluminam tanto um como outro. De concepção mais simples, o esquema é mostrado abaixo:

Aqui são empregadas apenas duas luzes suavizadas e mais nenhuma outra. Os refletores são cuidadosamente posicionados para que sua luz atinja lateralmente a superfície do fundo. Na falta de gelatinas para suavização, dois refletores comuns não-suavizados podem ser empregados, bastando direcioná-los para superfícies brancas (pintadas por exemplo em painéis de madeira (tapadeiras), ou utilizando-se grandes placas de isopor) colocadas a 90 graus em relação ao fundo, lado a lado. O fundo e essas duas superfícies laterais formam assim o desenho de um " U " invertido, e os refletores apontam para cada uma dessas laterais. Atingindo-as, sua luz é refletida em direção ao fundo e à pessoa que fala, como mostra o desenho abaixo:

Útil para áreas pequenas, o esquema que emprega bancos de luzes fluorescentes (do tipo corrigidas, de preferência (fluorescentes, lâmpadas corrigidas) ou do tipo comum (fluorescentes, lâmpadas)) também utiliza iluminação única para fundo e primeiro plano. Contendo 4 ou mais tubos de lâmpadas grandes cada, os bancos são colocados horizontalmente, na altura média dos ombros da pessoa que fala, devendo ser recobertos com material para difundir a luz. A pessoa pode estar bem mais próxima do fundo sem causar sombras significativas. A pouca sombra que existirá ficará bem atrás da pessoa, sendo assim mascarada pela própria, em relação às lentes da câmera. O desenho abaixo mostra o esquema de montagem:

Os bancos de tubos de luz podem ser colocados também acima da pessoa, neste caso paralelos à tela de fundo. Um terceiro banco pode ser providenciado e ser colocado acima e à frente da pessoa. Neste tipo de iluminação o tom geral é uniforme, suave, sem predominância de luz à frente ou dos lados, como no esquema que emprega luz principal e de preenchimento.

Outra opção quando se tem uma área maior é empregar os bancos de luz fluorescente para iluminar a tela de cromakey e empregar iluminação tradicional para a pessoa à frente, como mostra o esquema abaixo:

As luzes principal e de preenchimento à frente possuem barndoors em seus refletores para impedir que seu facho atinja o fundo. Neste esquema, ao contrário do esquema do primeiro desenho acima, a luz de preenchimento está mais próxima da tela de fundo. Nesta situação, com uma luz do tipo softbox seria difícil impedir que a mesma atingisse o fundo. A opção é, como mostra o desenho, afastar o refletor da pessoa (para suavizar a luz) e utilizar um refletor com barndoors.

Outra possibilidade para iluminar o fundo é o uso de dois refletores do tipo soft box colocados próximo e acima da superfície do fundo, inclinados em um ângulo em torno de 60 graus em relação à linha perpendicular à superfície do mesmo:

Essa abordagem é interessante pois a maior parte da luz desses refletores será desviada para o chão, após atingir o fundo, evitando assim iluminar o primeiro plano por trás (efeito nocivo mencionado acima).

Em qualquer das situações acima, uma providência útil é fazer com que o piso logo à frente da tela de cromakey tenha a mesma cor do mesmo ou pelo menos seja não reflexivo, para evitar reflexões com luzes de cores indesejadas sobre o primeiro plano.

Outra providência útil é manter a câmera a uma boa distância do primeiro plano, e assim utilizar o zoom na posição tele para fazer o enquadramento. Com isto, a profundidade de campo diminui para uma pequena faixa à frente e atrás da pessoa em primeiro plano, deixando de revelar nitidamente eventuais imperfeições no fundo.

Feita a iluminação, a imagem é gravada. Na opção onde o efeito é executado na fase de pós-produção em computador, a cor do fundo é selecionada através de recursos específicos do programa. Outras opções são o uso do computador para realizar o processo em imagens "ao vivo" e também o tradicional video mixer / mesa de efeitos.